Portugal desceu uma posição no ‘ranking’ de 2016 do Índice de Perceções de Corrupção da “Transparency International” — uma rede global de organizações não-governamentais (ONG) que combate a corrupção e que avalia anualmente 177 países. O nosso país encontra-se agora na 29.ª posição com 62 pontos, perdendo uma posição face a 2015. Nos últimos cinco anos, Portugal tem mantido uma pontuação estável à volta dos 62/63 pontos.

Este é um valor que é construído com base em diferentes estudos de organizações internacionais sobre corrupção e deve ser lido de acordo com as regras de pontuação:

  • 100 significa “Muito Transparente”
  • Zero quer dizer “Muito Corrupto”

Na tabela, que é liderada ex-aqueo pela Dinamarca e pela Nova Zelândia — países com 90 pontos — destacam-se ainda países nórdicos (Suécia com 88 pontos e Noruega com 85 pontos) e do norte da Europa (por exemplo, a Alemanha com 81 e Holanda com 83 pontos), além dos Estados Unidos (com apenas 74 pontos) e Canadá (82 pontos).

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Todos estes países estão claramente à frente de Portugal no que à perceção da corrupção diz respeito.

O que é o Índice de Perceções de Corrupção?

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É um index que combina sondagens, análises e avaliações de um conjunto diferenciado de organizações internacionais que estudam a corrupção a nível global. Os dados utilizados reportam-se aos últimos 24 meses e ajudam a construir uma perceção sobre o nível de corrupção em cada país. A Transparência Internacional acredita que este é o melhor método para avaliar e comparar de forma eficaz os diferentes setores públicos de cada país.

À frente de Portugal encontram-se ainda a generalidade dos países europeus, além de países como os Emirados Árabes Unidos (66 pontos), Butão (65 pontos) e Israel (64 pontos).

Em igualdade pontual com Portugal encontra-se a Polónia, sendo que atrás de Portugal estão países como os seguintes:

  • Eslovénia (31.º lugar com 61 pontos)
  • Espanha (44.º lugar com 58 pontos) — a braços com diversos escândalos de corrupção que surgiram nos últimos anos;
  • Chipre (47.º lugar com 55 pontos);
  • República Checa (53.º com 55 pontos);
  • Eslováquia (54.º com 51 pontos).
  • A Itália, com um grande foco de criminalidade económico-financeira complexa desde os anos 80, está em 60.º lugar com 47 pontos.

Curiosamente, Cabo Verde está atrás de Portugal mas à frente de todos os países europeus (com a exceção da Eslovénia) que acabamos de descrever. Tem 59 pontos que lhe garantem a 38.º posição no ranking.

Também o arquipélago de São Tomé e Príncipe encontra-se numa boa posição, imediatamente a seguir a Itália, com 46 pontos.

O Índice de Perceções de Corrupção, publicado anualmente pela “Transparency International”, é classificado pela filial portuguesa desta organização internacional como o “principal indicador global sobre os níveis de corrupção no sector público de cada país, medidos a partir das perceções de especialistas externos e de organizações internacionais”, lê-se no comunicado emitido esta quarta-feira pela “Transparência e Integridade — Associação Cívica”.

Destaque ainda para os países de língua oficial portuguesa que encontram-se muito mal colocados. Com a exceção de Cabo Verde e São Tomé e Princípe, restam ainda Moçambique (142.º lugar com 27 pontos), Angola (165.º com 18 pontos) e Guiné-Bissau (168.º com 16 pontos).

Já o Brasil, onde diversas investigações por corrupção, como a Operação Lava Jato, estão a agitar o regime brasileiro, encontra-se na 81.º posição com 40 pontos — em igualdade pontual com a República Popular da China.

O último lugar é ocupado pela Somália com 10 pontos.

TIAC crítica medidas de combate à corrupção

A direção da TIAC constata no seu comunicado que a variação de um ponto na avaliação de Portugal “não é estatisticamente significativa”. O facto de que “nos últimos cinco anos a avaliação de Portugal ter andado entre os 62 e os 63 pontos”, é um claro sinal, entendem os investigadores, de que os resultados alcançados revelam que o combate à corrupção “está estagnado” em Portugal.

Cada ano que passa tem sido uma oportunidade perdida para fazer avanços no combate à corrupção e ganhar a confiança de observadores e investidores estrangeiros, tão necessária à nossa recuperação económica e desenvolvimento social”, lê-se no comunicado

A direção do TIAC considera ainda que, “sem esse progresso no combate à corrupção, continuaremos condenados à anemia económica e incapazes de atrair verdadeiro investimento estrangeiro, que de facto crie emprego e riqueza e não se limite à especulação ou ao branqueamento facilitados por programas como os Vistos Gold — que têm um impacto muito reduzido na criação de emprego, na inovação ou na criação de valor”, concluem os investigadores portugueses.

Acrescentada a posição ocupada por Cabo Verde e corrigido o valor da pontuação da Itália.