O presidente do Santander Totta disse, esta quarta-feira, que tem mantido conversas com o Governo para tentar chegar a um acordo sobre os contratos “swap” feitos com empresas de transportes públicos e continua esperançado num desfecho positivo.

Direi somente que tem havido conversas. Se vamos ter ou não resultado ainda é cedo para o dizer”, disse Vieira Monteiro, em conferência de imprensa para apresentação dos resultados do banco, em Lisboa.

O gestor respondia a questões sobre se tem esperança num acordo relativo aos “swap” vendidos a empresas públicas de transporte, à semelhança daquele que foi alcançado com empresas regionais na Madeira, que passou pela reestruturação dos “swap” naquela região e acabou com os processos judiciais em curso.

Vieira Monteiro reiterou que “o banco sempre quis fazer um acordo relativamente a esta matéria” e afirmou aos jornalistas: “Tenho uma certa esperança de lá chegar, há seis anos que estou disponível para fazer os acordos. Deixem-me ter essa esperança”.

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“Ter feito este acordo com a Madeira é um ótimo sinal e dá-nos uma esperança de que um dia chegaremos também a um acordo com o Estado português”, disse o presidente do Santander Totta, que falava durante a apresentação de resultados do banco, que obteve lucros de 395,5 milhões de euros em 2016.

Neste momento, explicou, estão por pagar ao Santander Totta 1.800 milhões de euros: 1.300 milhões de euros, aos quais se têm de somar os “fluxos financeiros que o Estado deixou de pagar a partir determinada altura e que hoje atingem 500 milhões de euros”. A estes juntam-se outros custos, como os relativos aos processos judiciais.

Um contrato de “swap” (troca) é um instrumento derivado, usado sobretudo para cobrir variações de taxa de juro, e é muito utilizado pelas empresas para controlarem os seus encargos financeiros.

Um “swap” consiste em fixar uma taxa de juro de um empréstimo com a obrigação de uma das partes pagar a diferença entre a taxa fixa e taxa que varia de acordo com as taxas de juro de referência.

O caso dos contratos “swap” veio a público em 2013 e rapidamente se tornou polémico quando se percebeu que o Estado estava a incorrer em milhares de milhões de euros de perdas potenciais devido a contratos feitos entre os bancos e empresas públicas, normalmente usados para proteção das oscilações das taxas de juro.

Além dos custos financeiros, os “swap” tornaram-se uma guerra política, levando à criação da comissão parlamentar de inquérito, levaram a demissões de governantes e de gestores públicos e chegaram mesmo a colocar em causa o lugar da então secretária de Estado do Tesouro (do governo PSD/CDS), Maria Luís Albuquerque.