O Santander Totta conseguiu aumentar os lucros em mais de 35% no ano passado, aproximando-se dos 400 milhões de euros. O resultado, que foi apresentado esta quarta-feira em conferência de imprensa, valeu-se do crescimento de 31% da margem financeira, no aumento de 16% das receitas com comissões e num aumento da margem comercial (28%). Em resposta às questões dos jornalistas, o presidente-executivo Vieira Monteiro mostrou-se “claramente contra” a nacionalização do Novo Banco.

“A nossa posição é clara. Somos contra a nacionalização”, disse Vieira Monteiro, durante a apresentação dos resultados do Santander Totta relativos a 2016, ano em que registou lucros de 395,5 milhões de euros. O presidente do banco, que integra o grupo espanhol Santander, previu que a nacionalização do Novo Banco pode causar “alguma distorção na concorrência”.

“Não percebo muito bem [a existência de] dois bancos públicos e o que irão fazer”, sustentou.

Além disso, lembrou que “os custos [de uma eventual nacionalização] ainda não estão determinados” e que a “experiência tem mostrado que são muitíssimo elevados”.

Questionado sobre se é preferível uma venda que implique prejuízos para o Fundo de Resolução Bancário ou uma nacionalização, Vieira Monteiro reiterou estar contra a segunda e sublinhou que “é muito prematuro” colocar essa questão. “Não conheço as condições das negociações, não conheço as propostas [de compra] e é cedo dizer que pode haver prejuízos [para o Fundo de Resolução]. Se calhar pode não haver prejuízos para o Fundo de Resolução”, afirmou.

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Sobre um eventual interesse da instituição financeira que preside no Novo Banco, caso este não se consiga vender neste segundo processo de venda, Vieira Monteiro voltou hoje a dizer que “o Banco Santander disse a partir de certa altura que não estava interessado”.

Banif só rendeu “um milhão por mês”

A posição de Vieira Monteiro foi manifestada no dia em que o banco apresentou um aumento de cerca de 35% nos lucros relativos a 2016. Foi o ano da incorporação do Banif, banco cujas operações a instituição liderada por António Vieira Monteiro comprou no final de 2015, após a resolução. Mas Vieira Monteiro recusa que a compra do Banif tenha contribuído de forma significativa para os lucros de 395,5 milhões registados no ano. O Banif rendeu um milhão por mês, garantiu Vieira Monteiro, simplificando para dizer que as operações compradas não renderam mais do que 12 milhões de euros.

O que contribuiu, sim, para os lucros, segundo o banco, foi a margem financeira — isto é, a diferença entre os juros que o banco recebe pelos créditos que presta e os juros que paga pelos seus financiamentos (nomeadamente o que paga nos depósitos). A margem financeira subiu 31% para 731,7 milhões.

A evolução de receitas e custos operacionais conduziu a um rácio de eficiência de 43,7% que compara com 42,3% registado no período homólogo, período em que os resultados de operações financeiras foram muito mais elevados e em que o Banco não contava com os ativos e passivos adquiridos do ex-Banif, cujo rácio de eficiência recorrente era significativamente pior que o do Santander Totta.