O dono do Facebook e os havaianos estão em guerra por um “pedaço” de paraíso da ilha Kauai, no Havai. Mark Zuckerberg comprou uma propriedade na ilha mas o povo havaiano diz ter uma ligação ancestral com a terra, que não pode ser quebrada. Zuckerberg ameaçou processar os nativos, mas parece estar agora disposto a reconsiderar o assunto.
Com base no feedback da comunidade local, estamos a reconsiderar o processo e a discutir como seguir em frente. Queremos ter a certeza que estamos a seguir um processo que protege os interesses dos proprietários, respeita as tradições dos nativos havaianos e preserva o ambiente”, avançou Mark Zuckerberg em comunicado, citado pelo The Guardian.
Antes de casar, Zuckerberg vivia num apartamento alugado ao lado da sede do Facebook. Depois de constituir família, mudou-se para uma casa em Palo Alto, Califórnia, avaliada em sete milhões de euros — nada de extravagante dada a sua fortuna — e com um mordomo, “Jarvis”, virtual criado por si. Em seguida, adquiriu a casa ao lado da sua para se proteger de eventuais vizinhos “interesseiros” que se quisessem gabar de viver ao seu lado.
Entretanto em dezembro do ano passado, Mark e a mulher, Priscilla Chan, partilharam a “boa nova” de que tinham um novo lar: uma propriedade com 700 hectares, no valor de 100 milhões de dólares, na Kauai, a quarta maior ilha do Havai. A propriedade estende-se até à praia e tem diversos animais.
Há alguns anos atrás, a Priscilla e eu visitámos a Kauai e ficámos apaixonados pela comunidade e as montanhas verdes. (…) Decidimos plantar raízes e juntar-nos à comunidade. Comprámos a terra e estamos dedicados a preservar a sua beleza natural.
Mas a compra do terreno está a dar que falar. É que os advogados de Zuckerberg processaram dezenas de havaianos que detinham pequenas parcelas da propriedade. No Havai é comum os proprietários de terras serem forçados a abdicar das mesmas em prol de um negócio melhor.
Alguns havaianos estão descontentes e reclamam ter direitos legais e morais sobre a propriedade, parte da sua herança, dada a sua ligação ancestral com a terra. Kapua Sproat, professora de Direito da Universidade do Havai, considera a medida como “a face do neocolonialismo“, avança o The Guardian. A professora explica que mesmo que o negócio não implique desalojar ninguém, separa os nativos das suas terras.
Para nós, nativos havaianos, a terra é um antepassado. É como uma avó. E tu não vendes a tua avó.
O fundador do Facebook garante ter negociado e chegado a acordo com todos os proprietários e assegura querer o bem do Havai e de toda a comunidade.