Portugal teria atingido as metas orçamentais mesmo sem as medidas não recorrentes tomadas, como o perdão fiscal, garantiu o ministro das Finanças, Mário Centeno, à saída do Eurogrupo, onde aproveitou ainda para deixar algumas farpas a alguns dos seus colegas do euro, dizendo que o país mostrou que alguns deles “andaram muito enganados” em 2016.

À saída da reunião com os ministros das Finanças da zona euro em Bruxelas, Mário Centeno disse que durante o ano “alguns mitos foram sendo lançados sobre a execução orçamental, sobre medidas não repetíveis”, mas garante que “nada disso corresponde à execução global” e que “todas as metas teriam sido atingidas mesmo sem esses programas”.

Mário Centeno disse ainda que os números são a “confirmação de que algumas vozes do Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas” e lembrou o “impacto que esses enganos têm noutras pessoas e noutras instituições”, em alusão a eventuais efeitos negativos que Portugal terá sofrido devido a declarações de alguns dos ministros.

No entanto, depois de questionado sobre de quem estaria a falar, o ministro das Finanças não quis responder. “Não, não, não estou a referir-me a ninguém”, disse apenas.

Um dos ministros que mais falou sobre Portugal, e que mais o tem feito ao longo dos anos, tem sido o ministro das Finanças da Alemanha. Uma das vezes exigiu mesmo um esclarecimento das suas afirmações, cuja tradução direta do alemão apontava para que Wolfgang Schauble tivesse dito que Portugal tinha pedido um segundo resgate.

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Sobre se Portugal tinha preparado um plano B, voltou a garantir que não, que haverá apenas gestão orçamental no dia-a-dia. “Há um processo de consolidação orçamental em curso que é muito importante para o perfil decrescente da nossa dívida, nos mercados, dos nossos parceiros, e com crescimento. (…) Nós mantemos sempre os compromissos e a nossa atitude é sobre os nossos compromissos e mostrámos de forma muito evidente a determinação do país em cumprir”, disse.

Novo Banco está numa fase “importante” das negociações

Questionado sobre a venda do Novo Banco, Mário Centeno afirmou que avança “com bastante intensidade”, mas escusou-se a fixar uma data limite para a sua conclusão, algo que “nunca é bom nem saudável” num processo negocial.

“A venda do Novo Banco é um processo liderado pelo Banco de Portugal, como todos sabem. O Governo tem acompanhado esse processo, (que) está numa fase importante das negociações”, começou por referir, quando questionado sobre o tema à saída de uma reunião de ministros das Finanças do Eurogrupo.

Centeno observou que, “no princípio deste ano, o Banco de Portugal tomou mais um passo na direção da conclusão do processo, e antecipa-se que proximamente” tal aconteça. “Enfim, «proximamente», nestes processos negociais… nunca é bom nem saudável colocar uma data limite. Mas avança, enfim, com bastante intensidade esse processo negocial”, disse.

Instado a ser um pouco mais preciso, afirmou que não pode “dizer mais”, sobre um processo que nem é o Governo que lidera. “Estamos a falar de algo que é muito importante para o sistema financeiro e que terá que ser bastante acautelado”, concluiu.