O prefeito de São Paulo, João Doria, prepara-se para realizar a maior privatização municipal da história do Brasil. Doria pretende vender quase toda a cidade brasileira.

Em entrevista ao Wall Street Journal, publicada nesta quinta-feira, o prefeito confirmou os planos para vender tudo: apenas com a venda, até ao final do ano, do Anhembi (espaço onde decorrem os festejos de carnaval) e o autódromo de Interlagos (pista de Fórmula 1), Doria espera arrecadar sete mil milhões de reais [dois mil milhões de euros]. Depois, segue-se a venda das concessões de 107 parques, 22 cemitérios, o serviço funerário municipal, o crematório, 16 mercados, 29 estações de autocarro, o sistema de bilhetes dos transportes públicos e o estádio. Tudo istp até 2018. As receitas serão destinadas ao investimento na saúde e na educação.

É o momento certo“, garante o prefeito, uma vez que o Brasil enfrenta uma dura recessão, além dos sucessivos escândalos de corrupção que envolvem importantes figuras políticas, como Lula da Silva. João Doria defende, ainda, que “o papel pesado do Estado é um dos problemas mais sérios do Brasil. É ineficiente e convida à corrupção”.

O Donald Trump brasileiro

João Doria, 59 anos, tornou-se o novo prefeito de São Paulo durante este mês, usando como slogan de campanha a frase “Sou um empresário, não um político“, aproximando-se, assim, de Trump que afirma olhar para a América como uma grande empresa. Doria é um empresário de sucesso que construiu um império que o tornou milionário, dono de uma fortuna avaliada em 50 milhões de reais [14.7 milhões de euros].

Além disso, João Doria tornou-se famoso ao entrar no programa televisivo “The Apprentice” (na versão brasileira) que celebrizou Trump. A sua vitória para a prefeitura de São Paulo foi tão inesperada e temida como a do novo presidente dos Estados Unidos. No entanto, o prefeito não concorda com a comparação: “Não me identifico com ele. Michael Bloomberg, pelo contrário, é um modelo para mim”.

Entre as medidas mais arrojadas de Doria estão o abate de 1.300 carros da prefeitura — mandou os funcionários recorrerem à Uber — e os 60 reais de multa pagos por casa 15 minutos de atraso dos trabalhadores. “Toda a gente se riu de mim, mas agora todos obedecem“, assegura o prefeito. Outro dos feitos de João Doria é o de persuadir as multinacionais a doarem bens e serviços à cidade. A Unilever, por exemplo, providencia sopa e pasta de dentes aos sem-abrigo. “Modéstia à parte, sou bom a convencer pessoas”, orgulha-se o prefeito, que promete dar que falar.

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