A Casa Branca recuou no apoio de Donald Trump a uma proposta dos republicanos na Câmara dos Representantes de impor uma taxa de 20% sobre as importações provenientes do México, receita que seria utilizada para pagar o muro que Trump prometeu construir na fronteira com o México, com a administração agora a dizer que era apenas uma ideia para mostrar que não era assim tão difícil pagar pelo muro, e que, a avançar, qualquer país pode ser alvo dessa taxa e que ela poderia ser mais baixa.

Donald Trump ameaçou, o Presidente do México cancelou a sua visita, e pelo meio da discussão sobre um imposto que iria resolver a questão do muro entre os dois países, a Casa Branca moderou o discurso.

Já durante a campanha a polémica campanha de construção de um muro (que já existe em partes da fronteira entre os dois países) tinha sido alvo de uma acesa troca de palavras entre Donald Trump e o Presidente mexicano (e o ex-presidente mexicano à mistura).

Trump disse durante a campanha que tinha conversado com o Presidente do México e que este tinha aceitado pagar pelo muro, algo que o Presidente do México, Enrique Peña Nieto, desmentiu de seguida (e que o ex-presidente Vicente Fox disse que nunca aconteceria).

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Agora, com uma visita oficial aos Estados Unidos marcada para terça-feira, Donald Trump disse que o México ia pagar pelo muro, algo que Peña Nieto disse que não ia acontecer. Donald Trump respondeu dizendo que se o México não estava disposto a pagar pelo muro, então que o seu Presidente podia cancelar a visita à Casa Branca. Peña Nieto fez isso mesmo e já não vai aos EUA.

A retaliações chegou pela boca de Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, que sugeriu que Donald Trump estaria de acordo com o plano dos republicanos de apoiar uma taxa de 20% sobre as importações de “países como o México”, com os quais os EUA têm um défice comercial (de onde importam mais do que exportam).

O plano, continuou Sean Spicer, permitiria conseguir 10 mil milhões de dólares por ano e “facilmente pagaria o muro”. “Isso irá realmente conseguir o financiamento”, disse, acrescentando que isso seria feito sem afetar os contribuintes norte-americanos.

No entanto, o porta-voz da Casa Branca mudou o discurso pouco depois. Em declarações aos jornalistas, Sean Spicer clarificou que o imposto sobre as importações não se trata de uma proposta mas sim de uma possibilidade de conseguir receita.

“A ideia é que houve questões sobre como o Presidente pode pagar o mudo. Uma ideia através de uma reforma fiscal abrangente pode ser esta ideia do Speaker [líder da Câmara dos Representantes, Paul] Ryan que outros têm passado, que através da reforma fiscal poderíamos na verdade olhar para as importações de outros países com quem temos um défice comercial e com isso gerar receita”, disse, citado pela revista Politico.

“A ideia era mostrar que gerar receita para [pagar] o muro não é tão difícil como alguns sugeriram”, clarificou, acrescentando que a solução final pode ser um conjunto de medidas e que a taxa de 20% sobre as importações pode ser sobre vários países e pode ser de 18% ou só de 5%.