Queijinho para desporto: de quando é a última vitória do Vitória sobre o Benfica no Bonfim para o campeonato? Eischhh, sei lá. Azar, passa ao outro e não ao mesmo.

Queijinho para artes: qual é o melhor filme de Kevin Costner? Ah, essa é fácil: Os Amigos de Alex. Como assim? Os Amigos de Alex inclui nomes grandiosos como Kevin Kline, Glenn Close, Tom Berenger, Jeff Goldblum, William Hurt, Mary Kay Place e Meg Tilly. Nada de nada sobre Costner. Pois é, só que Costner é o Alex. E o Alex só aparece uma vez, logo no início, no seu funeral. Daí para a frente, é um fartote de brocas, garrafas e música. Tudo do best, sem esquecer as conversas à volta da mesa sobre a vida (e a falta dela).

Retomamos o assunto: de quando é a última vitória do Vitória sobre o Benfica no Bonfim para o campeonato? Maio 1999, golo de Toñito. Daí para cá, o Benfica acumula 12 vitórias e três empates. À 16.ª é de vez e o Vitória dá uma de autoritário: 1-0, golo de cabeça de Zé Manuel, aos 21 minutos. Daí para trás, zero Benfica. Daí para a frente, pouco, pouquíssimo de Benfica. À Kevin Costner n’Os Amigos de Alex. Culpa própria, da falta de ideias e entrosamento. Saúda-se o regresso de Fejsa. Sem efeito. Eleva-se o estilo de Pizzi. Em vão. Duas estátuas, com escasso dinamismo e reduzido acerto no passe, seja curto ou longo (neste pitoresco aspecto, só Cervi e Zivkovic se entretêm a dar espectáculo de uma linha lateral à outra). Lá à frente, Jonas e Mitroglou raramente semeiam o pânico à baliza de Varela. Aliás, o guarda-redes do Vitória faz zero defesas do arco da velha, daquelas complicadas. E nem vê bolas ao poste ou à trave, em contraponto com o Benfica-Moreirense na 5.ª feira, para a Taça da Liga. Aí, sim, Jonas e Eliseu jogam à sorte ou ao azar. Desta vez, no Bonfim, nada.

Mérito para o Vitória, que já empatara na Luz, em Agosto, para a primeira volta do campeonato (1-1), anulara o Porto no Bonfim (0-0) e eliminara o Sporting na Taça da Liga (2-1). A equipa de Couceiro joga bem, com determinação e galhardia. Sim senhor, o Benfica esmaga em posse de bola (70%) e o que é que isso vale sem remates dignos de registo à baliza – à excepção daquele cabeceamento de Luisão, aos 24′, salvo por Venâncio em cima da linha de golo. Sim senhor, o Benfica domina territorialmente e o que é que isso vale se não se sabe criar perigo? O Vitória merece o elogio e galga dois lugares da classificação para subir ao 6.º. Do Benfica, com Arnaldo Teixeira no lugar do suspenso Rui Vitória, a palavra derrota salta para a ribalta pela quinta vez em 2016-17 (contra quatro do Porto e dez do Sporting). E nem se deve mascarar com o último lance, aos 90’+5: a entrada de Nuno Pinto dentro da área é descabida e há um nítido toque sobre Carrillo, já em queda. Acto contínuo, João Pinheiro apita para o fim.

E agora? O Porto esbugalha os olhos, a um só ponto do Benfica. No sábado, dia 4, há clássico no Dragão vs. Sporting enquanto o Benfica recebe o penúltimo classificado Nacional (e, depois, joga novamente na Luz, com Arouca). Tudo em aberto, algo inesperado no final da primeira volta. Demérito do Benfica, lá está. Ao 3-1 do Moreirense, o Benfica soma a segunda derrota seguida, no Bonfim (já acontecera este duplo acidente de percurso em Novembro, com Marítimo nos Barreiros e Nápoles na Luz). É o manto da invisibilidade. Para dar a volta ao texto, cabe ao Benfica trocar de roupa, deixar de ser o Kevin Costner e começar a jogar à bola para sonhar com o tetra, objectivo nunca alcançado e já falhado em quatro situações entre os anos 60 e 70.

Queijinho para desporto: de quando é a última vitória do Vitória sobre o Benfica no Bonfim para o campeonato? Janeiro 2017, golo de Zé Manuel.

Estádio do Bonfim, em Setúbal
Árbitro: João Pinheiro (Braga)
VITÓRIA FC: Varela; Vasco Fernandes, Fábio Cardoso, F. Venâncio (cap) e Nuno Pinto; Arnold, Mikel, Nenê Bonilha (André Pedrosa, 82′) e Zé Manel; João Amaral (Vasco Costa, 72′) e Edinho
Treinador: José Couceiro (português)
BENFICA: Ederson; Nélson Semedo, Luisão (cap), Lindelof e André Almeida (Carrillo, 72′); Fejsa; Zivkovic, Pizzi (Luka, 81′) e Cervi (Rafa, 46′); Jonas e Mitroglou
Treinador: Arnaldo Teixeira (português), na ausência do suspenso Rui Vitória (português)
Marcador: 1-0, Zé Manuel (21′)

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