François Fillon, que estava à frente nas intenções de voto para as eleições presidenciais francesas, perdeu terreno para o candidato centrista Emmanuel Macron, segundo uma sondagem da empresa de estudos de mercado Kantar-Sofres para o jornal francês Le Figaro.

Mais uma vez, Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa, aparece como a vencedora da primeira-volta, a 23 de abril, com cerca de 25% dos votos. Neste cenário, Fillon conseguiria entre 21 e 22% e Macron ficaria perto dos 21%. Na segunda volta, que está agendada para 7 de maio, tanto Macron como Fillon venceriam Le Pen. Se passarem os dois homens à “final”, sem Le Pen, será Macron o novo presidente, antevê a sondagem.

O diário francês explica que as histórias publicadas na imprensa sobre o casal Fillon podem ter feito mossa nas hipóteses daquele que era visto já como o próximo presidente francês. Há suspeitas de que a sua mulher tenha recebido meio milhão de euros, do erário público, por um emprego como sua assistente parlamentar mas não há provas que tenha realizado qualquer tarefa relacionada com esta descrição profissional.

Uma outra sondagem, publicada depois de estas suspeitas terem estoirado na comunicação social, revelam uma queda de 16 pontos nas intenções de voto em Fillon desde que foi eleito pelo centro-direita como candidato às presidenciais. O casal nega todas as acusações e os especialistas ouvidos pela imprensa francesa concordam que Fillon não deverá chegar a ser formalmente acusado de qualquer crime.

Benoît Hamon, o candidato socialista recentemente eleito, que aparece com 15% dos votos e inverte a hierarquia do lado esquerdo, relegando Jean-Luc Mélenchon, que foi também membro do partido socialista tendo saído em 2008 para formar o Partido de Esquerda, para o quinto lugar, com apenas 10% dos votos. “A diferença que separa Fillon e Macron é da espessura de uma linha”, disse ao Le Figaro Emmanuel Rivière, o diretor da Kantar-Sofres em França. O analista disse também que a culpa deste “desaceleramento” na campanha de François Fillon “não tem apenas a ver com o caso das suspeitas em que está envolvido mas também devido a perda geral de dinâmica na sua campanha”. Fillon, disse, por exemplo, que poderia considerar privatizar o serviço de sáude, o que também é apontado com uma das razões para o desilusão nas sondagens.

Um outro sinal de preocupação para Marine Le Pen. Para Fillon e para a esquerda que parece estar a reviver um história antiga quanto, em 2002, tive que votar em Jacques Chirac para impedir que o pai de Marine Le Pen chegasse ao poder. O problema agora é que o mesmo eleitorado de centro e de esquerda que confiou em Chirac não repita a proeza com Fillon, que se tem revelado um figura muito mais hermética, associado à direita católica e que tem também feito eco de algumas das preocupações de Le Pen no que toca ao Islão e às questões de patriotismo e identidade.

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