A deputada do partido ecologista “Os Verdes” (PEV), Heloísa Apolónia, apelou ao Presidente da República para que se envolva “ativamente” na questão da central nuclear espanhola de Almaraz e defendeu o encerramento daquela estrutura em 2020. “Entendemos que agora é preciso exercer uma diplomacia muito mais ativa e assertiva e, nesse sentido, temos solicitado que essa pressão [sobre Almaraz] não seja feita apenas pelo ministro do Ambiente, mas também pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro. E o apelo que fazemos também é que o Presidente da República se envolva ativamente nesta questão”, defendeu esta segunda-feira.

O PEV realiza entre esta segunda e terça-feira as suas jornadas parlamentares nos distritos de Castelo Branco e Portalegre dedicadas, entre outros temas, aos riscos decorrentes da central nuclear espanhola de Almaraz. Heloísa Apolónia sublinhou, em conferência de imprensa, que o Governo português “atrasou-se muito” relativamente ao exercício de uma “pressão ativa” sobre o executivo espanhol, designadamente para se fazer ouvir no processo de participação de avaliação de impacto ambiental da construção do armazém de resíduos nucleares que irá servir o funcionamento da central de Almaraz.

“Neste momento e fruto também desse atraso e do desrespeito, também é preciso dizê-lo, que Espanha manifestou claramente por Portugal, entendemos que agora é preciso exercer uma diplomacia muito mais ativa e assertiva”, frisou. A deputada explicou ainda que o PEV escolheu para as suas jornadas parlamentares a matéria da central nuclear de Almaraz devido aos riscos e ameaças que comporta para todo o território nacional, mas, particularmente, para os distritos de Castelo Branco e de Portalegre.

“Estamos aqui num duplo sentido: trazer a nossa mensagem à população e às instituições, a nossa preocupação e as propostas que temos e da necessidade que existe de congregar vozes no sentido de fazer pressão para que seja encerrada a central”, disse. Heloísa Apolónia realçou o facto de a central de Almaraz já ter expirado o prazo para o seu período normal de funcionamento e adiantou que, ainda assim, o Governo espanhol decidiu prolongar o seu funcionamento até 2020.

“Como a licença está dada até 2020, o que ‘Os Verdes’ dizem é que para lá do ano de 2020 nem pensar, é isso que Portugal tem que dizer de uma forma muito ativa e julgamos que é essa a voz ativa”, sustentou. Adiantou ainda que a queixa que o Governo português apresentou em Bruxelas é importante neste processo e tinha mesmo que ser feita, “dada a violação descarada” de Espanha em relação a diretivas europeias e, neste caso, de impacto ambiental de uma estrutura que tem efeitos claros ao nível transfronteiriço.

“Agora o que sabemos é que a queixa vai demorar tempo a ser apreciada, pelo menos três meses. O que dissemos já ao ministro do Ambiente é que não podemos ficar três meses de braços cruzados à espera que alguém decida por nós”, concluiu.

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