O Conselho de Segurança da ONU pediu o regresso imediato ao cessar-fogo na Ucrânia, após três dias de confrontos que causaram pelo menos 13 mortos e deixaram milhares de pessoas sem eletricidade no leste do país. O texto elaborado pela Ucrânia foi aprovado por unanimidade na sequência de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança na terça-feira. Numa declaração que não teve objeção por parte da Rússia, os estados-membros “manifestaram uma grande preocupação com a perigosa deterioração da situação no leste da Ucrânia e com o seu severo impacto na população civil”.

A declaração unânime do Conselho de Segurança surgiu depois de as forças de segurança ucranianas e os rebeldes apoiados pela Rússia se terem envolvido em confrontos pelo terceiro dia consecutivo na cidade de Avdiivka, que também despertou a preocupação da União Europeia com a segurança.

O comando militar ucraniano denunciou na terça-feira novos bombardeamentos massivos contra a cidade de Avdiivka, cerca de 15 quilómetros ao norte de Donetsk, o principal reduto dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia. Os membros do Conselho de Segurança “condenam o uso de armas proibidas pelos acordos de Minsk ao longo da linha de contato na região de Donetsk, que causou mortes e feridos, incluindo entre os civis”.

O mais recente confronto ocorreu perto da cidade de Avdiivka, controlada pelo governo, e deixou 20.000 pessoas sem eletricidade. O agravamento da situação obrigou o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a interromper a sua visita oficial à Alemanha na noite de segunda-feira. “Os membros do Conselho de Segurança pediram o retorno imediato ao regime de cessar-fogo”, refere o texto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o embaixador da Ucrânia, Volodymyr Yelchenko, que falou após a reunião, a violência no leste da Ucrânia pode ser comparada a crimes de guerra: “Acreditamos que estas ações dos russos e dos pró-russos podem ser qualificadas como crimes de guerra, uma violação flagrante da Convenção de Genebra”, afirmou. A crise ucraniana volta a ser abordada no Conselho de Segurança na quinta-feira.

Quase dois anos depois da assinatura dos acordos de Minsk para a paz na Ucrânia, os combates continuam esporadicamente na zona de conflito e as partes estão longe de cumprir com o pacto mediado pela Rússia, França e Alemanha. Os acordos contemplam, para além do cessar-fogo, a concessão de um estatuto de governo especial da região separatista pró-russa, a reforma constitucional e a celebração de eleições locais e nos territórios separatistas.

Kiev, no entanto, nega-se a avançar com a parte política dos acordos sem recuperar o controlo de trechos da fronteira com a Rússia, que estão nas mãos dos rebeldes. Segundo dados da ONU, em quase três anos de conflito na Ucrânia, foram mortas cerca de 10.000 pessoas, entre combatentes e civis.