“Na minha opinião é óbvio que esta proibição não é a melhor forma de proteger os EUA ou qualquer outro país no que respeita às preocupações sérias que existem relativamente ao terrorismo”, disse esta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, aos jornalistas, no decorrer de uma conferência de imprensa. Guterres argumentou que tais medidas “deveriam ser removidas o mais depressa possível”.

Um dia antes destas declarações, Guterres garantia, através de um comunicado, que cada país tem o direito — e até a obrigação — de controlar de forma responsável as suas fronteiras, de modo a evitar a infiltração de membros de organizações terroristas, desde que as medidas aplicadas não tenham por base a religião, a etnia ou a raça.

Tal discriminação “vai contra os princípios e valores fundamentais em que assentam as nossas sociedades”, continuou Guterres sem nunca se referir a Donald Trump ou à ordem judicial anti-refugiados por ele assinada na última sexta-feira.

O secretário-geral da ONU afirmou ainda que medidas discriminatórias — como aquelas tomadas por Trump, cujo decreto presidencial proíbe durante três meses, com efeitos imediatos, a entrada de imigrantes de sete países muçulmanos e também o acolhimento de refugiados sírios — promovem “ansiedade e raiva” e são capazes de “facilitar a propaganda das organizações terroristas que todos queremos combater”.

Medidas cegas, não baseadas em informação sólida, tendem a ser ineficazes, pois correm o risco de serem contornadas pelos atuais movimentos terroristas sofisticados”, disse.

Guterres expressou ainda preocupação pelo facto de cada vez mais as fronteiras estarem fechadas a quem precisa: “Os refugiados que fogem do conflito e da perseguição estão a encontrar cada vez mais as fronteiras fechadas e um acesso cada vez mais restrito à proteção de que precisam e que têm direito a receber, de acordo com o direito internacional dos refugiados”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR