Se for eleita Presidente de França, Marine Le Pen vai criar um imposto especial a pagar por quem contrate funcionários estrangeiros. Esta é uma das propostas da Frente Nacional para dar “prioridade máxima ao emprego“. A candidata da extrema-direita apresenta programa este fim de semana, em Lyon.

Foi em entrevista ao Le Monde que Le Pen indicou que um Governo por si liderado vai querer evitar que os patrões franceses contratem pessoas oriundas de outros países, como forma de ter mão de obra mais barata. O desincentivo será introduzido da forma mais direta: um imposto especial.

A receita gerada por esse imposto pode ser utilizada para indemnizar os desempregados, explicou a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional.

No mesmo sentido, Le Pen disse ao diário que pretende taxar as importações de bens e serviços com uma “contribuição social” de 3%, imposto com o qual prevê recolher “no mínimo 15.000 milhões de euros” e que, assegurou, não terá impacto significativo no poder de aquisição dos consumidores.

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“A base de tudo isto é o patriotismo, ou seja, cada medida e cada euro gasto têm como vocação defender o interesse dos franceses”, disse a candidata, que as sondagens dão como certa na segunda volta.

Le Pen defendeu “um protecionismo inteligente”, de “luta contra as deslocalizações selvagens”, e congratulou-se com a declaração do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no discurso de tomada de posse, da “morte do ultraliberalismo”.

“Trump foi eleito por promessas que está a aplicar. Esse respeito pelos eleitores devia ser um modelo para todos os políticos”, disse a líder da extrema-direita, frisando contudo não ter como referência nem estar “fascinada” pelos Estados Unidos, como não o está pela Alemanha ou pela Rússia.

Sobre o seu programa eleitoral, que vai apresentar este fim de semana em Lyon (sudeste), Le Pen repetiu que quer tirar França da União Europeia (UE).

“Irei imediatamente a Bruxelas para negociar o regresso das quatro soberanias: monetária, legislativa, orçamental e territorial. E seis meses depois das eleições, organizarei um referendo sobre a saída da UE”, disse.

A candidata manifestou-se convicta de que essa sua medida vai desencadear “um movimento” a que se vão juntar vários países para “obter a anulação de regras e tratados que prejudicam a sua segurança ou a sua economia”.

Investigada por alegado uso indevido de 340.000 euros dos fundos que recebeu como eurodeputada, Le Pen assegurou que não se retira da corrida presidencial se vier a ser formalmente acusada.

“Um juiz decidir quem é e quem não é candidato é o fim da democracia”, disse.