Artigo atualizado às 19h30 com declarações do deputado do PCP, Bruno Dias

A reunião estava marcada para as 14 horas, no Parlamento, mas não chegou a acontecer. Os três sindicatos (um deles afeto à UGT) e a comissão de trabalhadores da Carris iam reunir-se com os deputados comunistas a propósito da apreciação parlamentar sobre a municipalização da empresa, mas quando chegaram estavam também na sala dirigentes dos sindicatos afetos à CGTP. Também não gostaram de ouvir que a reunião servia para “auscultar os trabalhadores” da Carris, por isso abandonaram a sala em protesto.

Ao Observador, o representante do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA, da UGT), Sérgio Monte, disse que “o PCP tentou transformar a reunião numa auscultação ao trabalhadores da Carris, o que devia ter feito antes de ter apresentado a apreciação parlamentar”. Os sindicatos da Carris queriam “mais informação sobre a apreciação parlamentar” e consideram que já deviam ter sido ouvidos, “como representantes de 98% dos trabalhadores” da empresa, antes do PCP ter avançado com a iniciativa: “Já tinham os argumentos, não íamos estar a colaborar numa farsa”.

Os comunistas ainda insistiram que a reunião se mantivesse com todos, mas a Comissão de Trabalhadores da Carris, o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, o Sindicato Nacional dos Motoristas e Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (os dois últimos não filiados em nenhuma central sindical) pediram que fosse feita uma outra, noutro dia. O encontro tinha sido pedido pelos três sindicatos e pela comissão de trabalhadores no início da semana, já com muitas críticas à ação do PCP nesta matéria.

O PCP prosseguiu o encontro apenas com o sindicato afeto à GGTP, a Fectrans, e no final o deputado Bruno Dias garantiu, de acordo com a Lusa, que as quatro estruturas que pediram a reunião tinham sido informadas previamente da presença de outros representantes dos trabalhadores.

No final do encontro, Bruno Dias avançou com uma das alterações que quer ver introduzidas aos decretos-lei que chamou a apreciação parlamentar, um sobre a municipalização da Carris e outro sobre a STCP. Os comunistas querem uma cláusula-travão para evitar a futura privatização das empresas cuja gestão foi agora entregue aos municípios onde operam. “Uma questão central tem a ver com a não privatização da empresa e uma cláusula de salvaguarda que garanta a reversão automática em caso de tentativa de alienação ou de um mecanismo de entrega aos privados pela parte da entidade”.

O deputado do PCP garantiu ainda que a intenção do partido não é “criar problemas à própria existência da empresa. Queremos garantir que ela tem futuro, defendendo os interesses dos utentes e dos trabalhadores”. E apontou como outra questão a ter em conta, no debate sobre as alterações ao decreto que entrou em vigor a 1 de fevereiro, “os direitos dos trabalhadores, através da contratação coletiva, designadamente os complementos de reforma subsídio de doença, previstos no acordo de empresa”.

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