O PSD vai entregar esta sexta-feira um requerimento na Assembleia da República para que o ministro da Educação seja ouvido pelos deputados sobre os vários constrangimentos que consideram estar a afetar as escolas, como a falta de funcionários. “O que está a acontecer hoje, com muitas escolas encerradas pela greve dos funcionários, é o culminar de uma situação para a qual fomos alertando e que urge resolver”, defendeu o deputado e vice-presidente da bancada do PSD Amadeu Albergaria, em declarações à Lusa.

O deputado social-democrata salientou que o PSD tem alertado que, “ao contrário do que foi dito pelo senhor ministro da Educação”, Tiago Brandão Rodrigues, o ano letivo não começou nem tem decorrido “com total normalidade”. “Desde logo alertámos para a falta de funcionários nas escolas, para a falta de verbas para despesas correntes nas escolas (…) e para o desinvestimento durante 2016 a nível da manutenção e da recuperação de infraestruturas”, afirmou.

Para o PSD, “todos estes problemas se agravaram com o decorrer do ano letivo sem que até ao momento tenha existido da parte do ministro da Educação uma resolução ou sequer uma estratégia para a resolução efetiva de todos estes problemas”. “Vemos vários anúncios repetidos várias vezes e alguns ainda nem se concretizaram, como o anúncio de 300 novos assistentes operacionais nas escolas”, lamentou Amadeu Albergaria.

Por estes motivos, o PSD entregará ainda esta sexta-feira um requerimento a pedir a audição de Tiago Brandão Rodrigues, que deverá ser votado na próxima terça-feira, na Comissão parlamentar de Educação.

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Os sociais-democratas gostariam que a audição se realizasse ou na próxima semana ou na seguinte, considerando que a audição regimental com o ministro da Educação marcada para abril é muito tardia. “Temos ouvido muito pouco o senhor ministro sobre estas situações”, disse, acrescentando que Tiago Brandão Rodrigues “tem tido uma atitude de desrespeito perante o parlamento” ao deixar dezenas de perguntas do PSD por responder.

“É chegada a hora de prestar esclarecimentos e dizer como pretende resolver estes constrangimentos: falta de verbas nas escolas, falta flagrante de funcionários nas escolas e falta de investimento que está a colocar as escolas numa situação de degradação física com consequências na aprendizagem e confronto dos alunos”, apelou.

A greve dos funcionários das escolas está a afetar escolas no país e a Federação Nacional da Educação (FNE) diz que dezenas estão encerradas e que a adesão ronda os 90%.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, que estava junto à Escola Secundária do Restelo, em Lisboa, que não abriu, afirmou que as primeiras informações indicam que há escolas encerradas de norte a sul do país, apontando os concelhos de Mafra, Torres Vedras, Bragança, Lisboa, Porto e Gaia. “Temos informações de várias escolas, em Mafra, em Torres Vedras, em Bragança, em Vila Real, em Lisboa, no Porto, em Gaia, muitas escolas encerradas é a informação de que dispomos. Noutras escolas há níveis fortes de adesão e poderão funcionar com os serviços reduzidos”, afirmou Dias da Silva.

Os funcionários das escolas fazem esta sexta-feira greve para exigir, entre outros aspetos, a negociação da criação de uma carreira especial, mas também mais recursos humanos nas escolas, com os sindicatos a estimarem uma carência de, no mínimo, 2.000 auxiliares.