O MPLA, partido no poder em Angola desde 1975, assinalou hoje a passagem dos 56 anos do ataque de nacionalistas às cadeias de Luanda defendendo “mais disciplina” e “controlo” nos gastos nacionais para acabar com as “sequelas do colonialismo”.

Numa nota do bureau político sobre o 4 de Fevereiro de 1961, data que o partido defende como o início da luta armada pela independência, “o MPLA advoga que a libertação total do povo angolano e a liquidação de todas as sequelas do colonialismo” passam pelo “despertar de uma nova consciência para com o trabalho, para o controlo nacional dos gastos, para mais disciplina e melhores resultados, em todos os setores”.

Há precisamente 56 anos teve lugar a primeira revolta organizada contra o regime colonial português, com o ataque à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão, em Luanda, onde se encontravam detidos vários independentistas.

Oficialmente, a história diz que a revolta popular, armada de paus e catanas e mais de 200 nacionalistas, foi organizada por elementos ligados ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) como Neves Bendinha ou Imperial Santana, durante largos meses, desde outubro de 1960.

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“Deve-se assegurar o papel crucial do Estado, como agente regulador e coordenador de todo o processo de desenvolvimento de Angola, devendo o mesmo exercer uma função de liderança, com base numa visão estratégica, concertada com a sociedade civil, com o setor empresarial e com toda a nação”, lê-se na nota do bureau político do Comité Central do MPLA.

A 04 de Fevereiro de 1961, o objetivo destes nacionalistas seria o de criar um momento galvanizante que servisse de ignição para a luta armada pela independência, concretizada após mais de uma década de guerra colonial, a 11 de novembro de 1975.

A revolta terá sido desencadeada ainda pela presença em Luanda de vários jornalistas estrangeiros, que aguardavam a chegada do paquete Santa Maria, assaltado nas vésperas por Henrique Galvão num gesto contra o regime fascista de Oliveira Salazar.

No ato central nacional comemorativo do 04 de Fevereiro, realizado hoje em Luanda, a ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira recordou que a data levou o movimento independentista a “expandir-se pelo país”, na década de 60 do século XX.

“Chamamos à atenção dos mais jovens para a necessidade de conhecermos a nossa história e de honrarmos os nossos heróis. Muitos deles estão em vida”, apelou Carolina Cerqueira, depois de recordar vários dos nacionalistas que “de armas na mão” ou por via da “escrita” contribuíram para a independência de Angola.

“Precisamos, cada um de nós, de conhecer melhor a nossa pátria e a nossa história, e precisamos de dignificar mais o sangue derramado pelos nossos heróis. O patriotismo está ligado ao interesse nacional, temos de pensar menos em nós próprios e pensar mais no bem comum e no interesse nacional”, apelou a ministra, que presidiu às cerimónias de hoje.

A ação de há 56 anos, ultimada durante a madrugada, com os nacionalistas munidos apenas de paus e catanas, foi então repelida pelas armas de fogo da polícia e da guarnição militar colonial de Luanda.