Dia 10 Setembro 2014, conferência de imprensa de Jesus de antevisão à visita em Setúbal. Há perguntas e mais perguntas sobre a ressaca do 2-0 do Zenit de Villas-Boas na Luz. De repente, uma pergunta diferente. E o Jonas? Abre-se um sorriso genuíno. Segue-se o desabafo. “Essa pergunta é muito inteligente.” O sorriso desaparece ligeiramente e “não falo de jogadores que não são do Benfica. As pessoas que estão atentas ao futebol já conhecem o Jonas, tem historial de golos no Valencia. Fez sempre dupla de área com outro jogador mais à frente, mais posicional, e dizem que pode ir para Tottenham, Galatasaray e Benfica. Vamos ver para onde vai.”

Spoiler alert: Jonas vai meeeeesmo para o Benfica, dispensado por Nuno Espírito Santo no Valencia. Na primeira época, falha o título de melhor marcador na última jornada. Na segunda, é o rei do golo. Na terceira, está longe, muito longe ainda de Bas Dost. Por agora, isso nem interessa por aí além. O holandês do Sporting é um touro, Jonas lesiona-se em Agosto e só recupera em Dezembro. Seja como for, o brasileiro já tem sete golos. Aliás, oito. Ou melhor, nove. Jonas faz dois ao Nacional na primeira parte e devolve o Benfica ao primeiro lugar do campeonato, com um ponto de avanço sobre o Porto, vitorioso no clássico do Dragão vs SCP (2-1). Que categoria, que classe. Espante-se, é o 15.º bis do benfiquista na Luz. Só na Luz. Quinze. Q-u-i-n-z-e. Chi-ça, é estratosférico. É Jonas, ponto.

Parágrafo. O Benfica de Arnaldo Teixeira joga com Eliseu e Salvio de início, duas novidades em relação ao desastroso 1-0 no Bonfim. O Nacional, penúltimo classificado (com os mesmos pontos do último), estreia três rapazes do mercado de Inverno: Aristeguieta, Filipe Gonçalves e Mezga. Tudo pronto? Vamos lá despachar que a noite está boa é para o Superbowl. Isto do Benfica-Nacional é um mero pró-forma para uma madrugada cheia de nachos e guacamole, entre publicidades mil e Lady Gaga.

Começa bem o Nacional, com personalidade e a defender à saída de bola do Benfica, seja Ederson ou Pizzi. A corajosa atitude mantém-se durante 14/15 minutos, não mais. A partir daí, o Benfica liberta-se das amarras e começa a desbravar caminhos para a baliza de Facchini, o homem mais interventivo de todos os 48 mil presentes na Luz. O brasileiro adia o 1-0 de Jonas, Jonas e Salvio. À quarta é de vez? Yup. Aos 26′, belo cruzamento sensacional de Zivkovic e cabeceamento certeiro de Jonas entre os centrais. Facchini estica-se todo e ainda toca na bola. Em vão, está feito o 1-0. O Nacional perde o rumo, o Benfica orienta-se melhor – embora os adeptos assobiem a monotonia do passe para trás. É audível a contestação. Luisão, Nélson, Luisão, Pizzi, Luisão, Ederson, Luisão. O capitão solta lá para a frente e Nélson corre como se fosse um extremo. A meio da diagonal, a bola fica refém de Jonas à entrada da área. O 10 domina com o pé direito, flecte ligeiramente para o meio e atira com o pé esquerdo, sem hipótese para Facchini. Grande golo na Luz e o resultado está mais que feito aos 36 minutos. Até ao intervalo, Facchini ainda evita o 3-0 de Pizzi com uma grande defesa para canto, na sequência do qual Mitroglou cabeceia a rasar o poste.

Para a segunda parte, o Nacional pouco ou nada traz de novo. Excepção feita à substituição mais onomatopaica de sempre: Cerqueira por Sequeira. C’um caneco. O Benfica, em poupança para o jogo de sexta-feira vs Arouca, outra vez na Luz, aproveita para refrescar o ataque com Rafa. E é ele, desmarcado por Jonas (who else), quem assiste Mitroglou para o 3-0, aos 81 minutos. Fim de papo, o Benfica desanuvia a crise provocada pelas duas derrotas seguidas (Moreirense no Algarve + Vitória em Setúbal) com três touchdowns e nenhum fumble. Tudo em ordem, prà semana há mais.

Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Luís Godinho
BENFICA Ederson; Nélson Semedo, Luisão (cap), Lindelöf e Eliseu; Fejsa e Pizzi (Filipe Augusto, 78′); Salvio (Rafa, 70′) e Zivkovic; Mitroglou (Carrillo, 82′) e Jonas
Treinador: Arnaldo Teixeira (português), na ausência do suspenso Rui Vitória (português)
NACIONAL Facchini; Jota, Tobias Figueiredo, Rui Correia (cap) e Sequeira (Cerqueira, 70′); Filipe Gonçalves, Washington e Mezga (Tiago Rodrigues, 50′); Agra, Aristeguieta e Zequinha (Willyan, 62′)
Treinador: Predrag Jokanovic (jugoslavo)
Marcadores: 1-0, Jonas (26′); 2-0, Jonas (35′); 3-0, Mitroglou (81′)

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