A candidata da extrema-direita às presidenciais francesas, Marine Le Pen, apresentou-se este domingo como a “candidata do povo”, que vai “pôr a França primeiro”, num discurso em Lyon (centro-leste) de lançamento da sua campanha.

França está ameaçada por “dois totalitarismos”, disse, evocando a globalização económica e o fundamentalismo islâmico, e ela quer “uma França que não deva nada a ninguém”.

Se for eleita, prometeu, vai “revitalizar o sentimento nacional”, tirar França do euro e da União Europeia, sair da NATO, conter a imigração, especialmente de muçulmanos, “erradicar o terrorismo”, ter “tolerância zero” com a delinquência e acabar com as segundas oportunidades para os “potenciais terroristas” estrangeiros, que serão expulsos.

A líder da Frente Nacional está em boa posição na corrida presidencial quando faltam menos de três meses para a primeira volta, sobretudo desde que o seu principal adversário, o candidato da direita, François Fillon, enfrenta acusações de ter criado empregos fictícios para a mulher e dois filhos, caindo nas sondagens em benefício de Le Pen e do candidato socialista Emmanuel Macron.

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Le Pen foi alvo de acusações semelhantes, relativamente ao desvio de fundos destinados ao pagamento de assessores enquanto eurodeputada que terá usado para pagar a membros do seu partido, que nega.

“Vocês compreenderam, a atualidade recente trouxe uma demonstração cabal. Contra a direita do dinheiro, a esquerda do dinheiro, eu sou a candidata da França do povo”, disse às cerca de 3.000 pessoas que assistiram ao comício, um dia depois de ter vai “revitalizar o sentimento nacional” de 144 páginas.

Le Pen apresenta 144 medidas para “dar voz ao povo”

“Depois de décadas de erros e de cobardia, falsas alternâncias, de negação, de deixar andar, estamos numa encruzilhada”, prosseguiu. “Eu defendo os limites estruturais da nossa sociedade” face a outros “dirigentes que escolheram a globalização desregulada” e a “imigração em massa”, disse.

O seu “número dois” no partido, Florian Philippot, aludiu numa intervenção anterior ao voto britânico pelo ‘Brexit’ e à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos como “um acordar dos povos”: “As pessoas veem o ‘Brexit’, veem Trump, e dizem a si próprias: vale a pena votar”, disse.

Marine Le Pen, 48 anos, está à frente nas sondagens para a primeira volta, a 23 de abril, mas surge derrotada na segunda, a 7 de maio. Le Pen lidera a Frente Nacional desde 2011 e nas eleições presidenciais de 2012 ficou em terceiro lugar, com 17,9% dos votos.