François Fillon, o candidato do centro-direita às eleições presidenciais francesas, afirmou esta segunda-feira que mantém a sua candidatura, depois de se ter visto envolvido num escândalo relativo à suspeita de utilização de dinheiros públicos para contratar a sua mulher, Penelope, um caso que ficou conhecido como “Penelopegate”. Apesar de garantir que tudo o que fez foi legal, Fillon admitiu um “erro” no plano moral, escreve o jornal Libération. “Ao trabalhar com a minha mulher e os meus filhos, cometi um erro e peço desculpa aos franceses. Agi de acordo com a lei, mas é claro que os cidadãos não querem mais”, sublinhou.

“Sou candidato às eleições presidenciais e sou candidato para vencer”, destacou.

Em conferência de imprensa, François Fillon afirmou que enfrenta “um ataque sem precedentes”, e garante que tudo o que fez foi “legal e transparente”. “Sim, a minha mulher foi minha assistente”, confirmou Fillon, acrescentando que o salário de Penelope foi “perfeitamente justificado”. E detalhou o trabalho da mulher: “Durante estes anos, a minha mulher lidou com tarefas simples mas essenciais. Geriu o correio que me chegava e a minha agenda, representou-me em eventos culturais”.

Afirmando que há uma “nova campanha que começa hoje”, Fillon adiantou que “a transparência devia aplicar-se a todos” e que, a partir desta segunda-feira, vai recomeçar a campanha “com energia renovada e uma determinação feroz”, porque “agora, estava de pé”. O candidato às presidenciais francesas disse ainda que “não era perfeito”, mas que “tem uma vida política que fala por si”, com um projeto “apoiado por mais de 4 milhões de franceses”.

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Também os filhos de François Fillon, Marie e Charles, “trabalharam durante 15 meses como assistentes parlamentares”, ganhando uma média de 3.000 euros mensais. “Todos os contratos de trabalho são legais, as somas foram declaradas ao fisco. Tudo foi legal”, sublinhou Fillon.

Sobre a entrevista que a mulher deu ao britânico Sunday Telegraph, em 2007 – onde esta dizia que “nunca tinha sido assistente do marido”, Fillon justificou a declaração com o contexto da emissão. “Gostaria de lembrar-vos que este programa foi em inglês, para uma audiência em inglês” e que “a jornalista se aproximou da mulher para lhe dizer que estava em choque com o uso que deram à entrevista”. No Twitter, a jornalista já reagiu, dizendo que a declaração era “um facto” e não uma “opinião”.

Como o Observador já detalhou, o escândalo remonta ao período entre 1998 e 2012, em que Penelope Fillon terá sido contratada mais do que uma vez pelo marido, quando era deputado, enquanto assistente parlamentar, um cargo que nunca terá ocupado e pelo qual recebeu meio milhão de euros (dinheiro do Estado). François Fillon tem vindo a negar estas acusações.

Leia mais sobre o escândalo Penelopegate aqui.

François Fillon em queda após escândalo e pressionado a desistir