O Ministério Público está a investigar o processo de fusão da Universidade de Lisboa com a Universidade Técnica, devido à exclusão de duas escolas superiores que também estiveram para ser integradas naquela que é hoje a maior universidade do país. De acordo com o jornal i, foi a investigação ao caso Universidade Europeia que colocou a fusão na mira do DIAP, já que a suspeita é que a exclusão das duas entidades pode ter favorecido o grupo privado.

O processo principal foi aberto precisamente para investigar as suspeitas de alegados benefícios políticos na passagem do ISLA a Universidade Europeia num tempo recorde. Algumas testemunhas ouvidas no processo terão chamado, no entanto, a atenção para uma eventual relação entre a criação da Universidade Europeia e a fusão que começou a ser planeada em 2012.

Além das duas instituições que se juntaram, a fusão esteve para incluir também a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESTE) e a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL) — que, de acordo com o i, só já foram excluídas perto do final do projeto. Ora, a saúde e o turismo são áreas estratégicas para Universidade Europeia, havendo suspeitas do MP de que as duas escolas públicas poderão ter sido afastadas da fusão para benefício da entidade privada (pertence ao grupo norte-americano Laureate, que chegou a ter como chanceler honorário Bill Clinton).

No processo estará, aliás, o facto do ISLA (ainda com essa designação) ter lançado no final de 2012 dois doutoramentos (um na área do Turismo) que foi, num primeiro momento, chumbado pelo Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, mas mais tarde aprovado. A aprovação do doutoramento foi a 30 de maio de 2013, 13 dias antes do Conselho de Ministros (Passos Coelho era primeiro-ministro; Nuno Crato, ministro da Educação) ter reconhecido o interesse público da Universidade Europeia. Algo que, de acordo com o i, não seria possível sem a aprovação do doutoramento.

Ouvido pelo jornal i, o então reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, que afirmou que o processo de fusão “foi tratado com uma grande lisura e transparência, tanto da parte das universidades como da parte do Governo.”

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