É na “Avenida Q” que vive o Luís (o recém-licenciado cheio de esperanças), a Marta (à procura do amor), a Paula (a porca), o Trekkie (o tarado), o Félix (o gay no armário) e muitas outras personagens que enfrentam vários problemas como jovens adultos.
Neste musical, onde convivem humanos e marionetas, o grupo de amigos vai refletir sobre as desilusões que afetam todos: tentar encontrar emprego, os namoros, problemas com colegas de casa, preconceitos e, no limite, descobrir um propósito para a nossa própria vida. Está tudo junto num espectáculo que funciona como uma espécie de Rua Sésamo, mas para adultos.
Escrito por Robert Lopez e Jeff Marx, o musical chegou à Broadway em 2003 e ganhou vários prémios Tony (os que distinguem os melhores do teatro americano). Em Portugal, o espectáculo é encenado por Rui Melo e no elenco conta com nomes como Ana Cloe, Diogo Valsassina, Gabriela Barros, Rui Maria Pêgo e Inês Aires Pereira, entre outros.
Ao Observador, Rui Melo confessou que teve “o trabalho muito facilitado”: “Tenho uma equipa de produção incrível, um texto muito bom e um grupo de atores do qual sou fã”. Além do ensaio que durou três meses, os atores tiveram de fazer um curso intensivo sobre como usar as marionetas em palco. Diogo Valsassina conta que “o grupo se dá muito bem e que dá prazer trabalhar assim” e convida o público a vir ver o espectáculo “sem medos e sem redes. É algo diferente do resto mas vai marcar os espectadores”.
O encenador explicou que a peça se passa “num mundo diferente do nosso, num universo meio onírico, onde algumas personagens são marionetas e outras são humanas, na realidade como acontecia na Rua Sésamo e nos Marretas, onde as marionetas contracenavam com humanos”. Acrescenta que “fazer isto em Portugal é uma responsabilidade, porque já esteve em mais de 20 países e em todos eles se transformou num espectáculo de culto. Portanto, o nosso objetivo é alto e a fasquia está elevada. Queremos que as pessoas venham ver e queiram repetir e pelas amostras que temos tido, achamos que estamos no caminho certo”.
“O que vai atrair as pessoas é a estética e a própria linguagem. Neste espectáculo a linguagem é meio de programa infantil mas torna a coisa muito engraçada porque os temas abordados são bastante adultos. É uma forma de pôr as pessoas a refletir sobre o que é esta transição da vida de jovem para a de adulto. É muito engraçado ver aquela perspetiva de que quando somos jovens o mundo é todo nosso e somos os maiores mas depois recebemos a primeira renda de casa ou a conta da eletricidade e afinal não é tão divertido assim”, disse Rui Melo.
“O espectáculo é muito transversal, é dos 14 até aos 80 anos. Toda a gente se vai identificar, quer seja os que estão a passar por esta fase agora, quer os que já passaram, porque todos vivemos estes dramas. Em diversos períodos temporais mas todos passámos por estas dúvidas. O que é crescer? O que é passar a ser um adulto e ser responsável? O que é que temos de abdicar? E o que é que ganhamos com isto?”, reflete o encenador do espectáculo que é acompanhado por música ao vivo.
A peça “Avenida Q” estreia dia oito de fevereiro e estará em exibição até dois de abril, no Teatro da Trindade, em Lisboa. Quarta-feira a sábado, às 21:30h e domingo, às 16:30h. O bilhete custa entre 12€ a 18€.