Há anos que os cientistas tentam perceber porque é que os macacos, animais tão próximos a nós de acordo com a Teoria da Evolução de Darwin, não conseguem falar como os seres humanos. Ao início julgou-se que eram mudos porque não tinha estrutura anatómica para falar. Ou seja, as cordas vocais, a língua e a boca não estavam preparadas para emitir sons.

Mais tarde perceberam que o problema não estava tanto no pescoço, mas antes no cérebro: os macacos têm órgãos preparados para falar, mas não têm capacidade cognitiva para o fazer. Pelo menos por enquanto.

Então, o que aconteceria se o cérebro dos macacos (leia-se, os primatas do género Macaca) estivesse pronto para lhes dar a habilidade de falar? Que voz teriam? Para responderem a esta questão, uma equipa de investigadores estudou os lábios, os músculos e a laringe em animais vivos quando emitem sons, porque até agora estes órgãos só tinham sido analisados em macacos mortos. E conseguiram criar em computador a voz de um macaco se o seu cérebro conseguisse comandar os órgãos envolvidos na fala para entrarem em ação. Pode ouvir um macaco a dizer “Will you marry me?” (que significa “queres casar comigo?” em inglês) aqui em baixo.

Um aviso: pode ter pesadelos.

https://soundcloud.com/new-scientist/computer-recreation-of-monkey-asking-will-you-marry-me

A voz foi criada não só tendo em conta o trato vocal dos macacos, mas também os atributos físicos do animal. Os investigadores descobriram que, tendo em conta a anatomia dos macacos, eles conseguiriam dizer vogais e consoantes e formar frases completas. O que comprova que o seu corpo está pronto para comunicar através da fala como nós a conhecemos. O cérebro é que não está evoluído nesse sentido.

Esta descoberta, contudo, levanta mais perguntas do que revela respostas. Agora que sabemos que os macacos estão fisicamente prontos para falar, interessa saber o que tornou o cérebro humano suficientemente especial para nos dar a capacidade da fala. Daí a dúvida: será que todos os tipos de macacos têm preparação física, mas não cognitiva, para falar? Se sim, será que um dia também vão conversar como nós? Perguntas que em breve poderão ter respostas.

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