O parlamento britânico já a deu a primeira luz verde ao governo para ativar o artigo 50, iniciando as negociações para a saída da União Europeia. A câmara baixa do Parlamento britânico aprovou a proposta da Theresa May, com 494 votos a favor e 122 contra, uma maioria confortável para a primeira-ministra.

A lei que permite ativar o artigo 50 ainda tem de ser votada na câmara alta (Câmara dos Lordes). No entanto, esta câmara não tem o poder de travar a legislação, pode apenas atrasar o processo.

Uma fonte governamental já começou a colocar pressão nos Lordes ao afirmar à agência Associated Press que a câmara alta do Parlamento, cada vez mais impopular na sociedade britânica devido à sua ligação direta aos direitos monárquicos hereditários, poderá enfrentar “uma grande pressão da opinião pública para a sua extinção, caso boicote a lei” aprovada esta quarta-feira pelos Comuns. “Os Lordes têm de respeitar a vontade do povo britânico” expressa na vitória do “Leave” no referendo de 2016, concluiu a mesma fonte do Governo liderado por Theresa May.

A votação nos Comuns aconteceu após três dias de discussão, em que os deputados pró-europeus tentaram fazer passar alterações para reforçar o papel do parlamento no processo de separação e estabelecer fronteiras para a margem negocial do Governo britânico com os restantes países da UE. Os deputados rejeitaram várias propostas, entre as quais uma que procurava assegurar proteção incondicional aos cidadãos da União Europeia residentes no Reino Unido.

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O Executivo de Theresa May quer obter a autorização formal do parlamento até ao início de março para desencadear o processo de divórcio que vai durar dois anos.

“Acreditamos que será possível numa janela dois anos obter um acordo de saída que seja também justo para o comércio de forma a assegurar que temos uma forte parceria estratégica para o futuro”.

A afirmação da primeira-ministra foi feita antes da votação desta quarta-feira onde May conseguiu evitar uma potencial rebelião ao assumir o compromisso de que os termos finais do Brexit vão ser discutidos no Parlamento antes de serem votados no Parlamento Europeu. May assegurou que o seu Governo vai avançar com uma moção no Parlamento antes do acordo final ficar fechado.

Se o resultado reforçou a posição da líder do Partido Conservador, fez uma baixa nos trabalhistas. O secretário de Estado sombra para o comércio, Clive Lewis, demitiu-se, assumindo que não podia, em consciência votar a favor de algo que acredito irá ser prejudicial a cidade — Norwich South — que tenho a honra de representar.” Lewis era apontado por alguns como um possível sucessor na liderança do partido.

Para Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o verdadeiro desafio do Brexit começa agora.