A conselheira de Donald Trump, Kellyanne Conway, provocou esta quinta-feira mais uma polémica sobre os conflitos de interesses na Casa Branca, ao apelar à compra dos produtos da filha do presidente dos Estados Unidos.

Vão comprar os produtos da Ivanka. Detesto fazer compras, (mas) hoje vou fazê-las”, afirmou Kellyanne Conway à cadeia televisiva Fox.

“É uma linha magnífica. Eu própria tenho alguns. Vou fazer publicidade gratuita: vão todos comprá-los. Vocês podem encontrá-los online”, disse Conway a partir da Casa Branca.

A conselheira do presidente respondeu assim à cadeia de lojas Nordstrom que deixou de vender a linha de vestuário e acessórios de Ivanka Trump.

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A decisão provocou a cólera do presidente norte-americano, que se precipitou sobre a rede social no Twitter para denunciar o tratamento dado à sua filha. O “desabafo” do presidente suscitou a indignação de vários democratas que considerara a reação “inapropriada”, e a nova ofensiva de Conway só aumentou o sentimento.

Este parece ser um exemplo de violação das leis e regulações sobre a ética governamental“, escreveu o congressista democrata Elijah Cummings a uma comissão do Congresso, apelando à intervenção da agência que trata da ética governamental. As regras federais interditam a qualquer empregado do setor público utilizar as suas funções “para seu próprio ganho” ou “para apoiar qualquer produto, serviço ou empresa“.

No Twitter, a agência afirmou que estava submersa em apelos de cidadãos comuns, adiantando que não tinha o poder de “investigar” ou de “fazer respeitar as regras”, competências estas que pertencem ao Congresso e à polícia federal (FBI).

O porta-voz da Casa Branca, que defendeu na quarta-feira o direito de Trump “defender a sua família”, desta vez distanciou-se das declarações de Conway.

Kellyanne foi chamada à ordem sobre este assunto, ponto final”, foi a reação seca de Sean Spicer, durante o encontro diário com os jornalistas.

Esta conselheira, omnipresente na comunicação social, tem estado no centro de várias polémicas, como a que se seguiu à sua invenção, com todos os pormenores, de um “massacre” cometido por alegados terroristas islâmicos numa cidade dos EUA.

Em todo o caso, esta nova polémica dá mais argumentos aos que acusam o clã Trump e os seus próximos de utilizar a Casa Branca para defender os seus próprios interesses. O próprio Donald Trump alimentou estas suspeitas ao conservar a sua parte no império familiar que fez a sua fortuna, com ramificações em numerosos países estrangeiros aliados dos EUA.