O dia do Benfica começou com os milhões da China mas terminou com os ‘tostões’ em campo. Expliquemos: depois da propalada oferta do Beijing Guoan por Jonas (desmentida ainda antes de almoço pelos encarnados), com um salário limpo de seis milhões de euros/ano, a recepção ao Arouca que abriu a 21.ª jornada da Primeira Liga ficou decidida por Mitroglou, avançado que custou ‘apenas’ sete milhões aos cofres das águias face aos 38,4 que estavam no banco só em Raul Jiménez (22) e Rafa (16,4). Foi chegar, ver e… adiantar a vitória, já que, após bisar, o helénico acabou por ser o sacrificado no seguimento da expulsão de Ederson, saindo ainda antes do intervalo. Contas feitas, triunfo fácil por 3-0 que reforçou a liderança dos tricampeões na prova.

O encontro começou com um conjunto visitante arrumado e disposto a dar uma última alegria ao futuro ex-treinador Lito Vidigal, a caminho dos israelitas do Maccabi Telavive. O técnico que recusara fazer papel de coitadinho na Luz (palavras do próprio) montou aquele habitual modelo onde a defesa é o melhor ataque, tentando condicionar a primeira fase de construção de Pizzi e o jogo de entrelinhas de Jonas para sair rápido nas transições, e foi aguentando, aguentando até que um desvio deficiente de Nuno Coelho para a própria baliza acertou na trave e acordou o líder do Campeonato (18′).

Esse foi o clique que ligou o interruptor encarnado para 20 minutos eletrizantes. Jonas, o centro das atenções, parecia estar naquelas noites onde nada sai bem mas, mais uma vez, mostrou que se pode ser Midas mesmo deixando o (último) toque para outros e, já depois de ter visto um golo anulado (23′), Mitroglou inaugurou o marcador de cabeça após cruzamento do brasileiro (25′). O Benfica acelerou, voltou ao futebol vertiginoso que o conduziu ao primeiro lugar da prova e chegou com naturalidade ao segundo golo, de novo com o grego a fuzilar após boa jogada de Eliseu (35′).

Tudo parecia encaminhado para uma vitória confortável dos visitados (Mateus ainda teve nos pés o 2-1 mas Ederson fez uma defesa monstruosa), daquelas que vêm mesmo a calhar em vésperas de jogo para a Liga dos Campeões, quando o guarda-redes encarnado foi expulso por uma alegada agressão a Mateus fora da área (42′). Entrou Júlio César, saiu… Mitroglou. O que esperar a seguir?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais do mesmo: ainda nem cinco minutos de segunda parte havia quando Nélson Semedo vestiu a capa de Bolt pela direita, ganhou metros em transição a todos os adversários que lhe iam tentando aparecer pela frente, soltou para Pizzi no centro já com os encarnados em superioridade e Carrillo, com um toque de classe, fez o 3-0 e acabou por completo com a história do jogo. O Arouca ainda tentou, numa das vezes num remate às três tabelas que bateu na cabeça de Nélson Semedo antes de ser parado por instinto por Júlio César, mas terça-feira há mais. E Champions. O livro estava fechado. Tão fechado que Jonas também saiu mais cedo para descansar para o Borussia Dortmund. A não ser que apareça alguma proposta capaz de deixar tudo e todos de olhos em bico.

Estádio da Luz, em Lisboa (46.256 espectadores)

Árbitro: Manuel Mota (Braga)

Benfica: Ederson; Nélson Semedo, Luisão, Lindelof, Eliseu; Fejsa, PizzI (Filipe Augusto, 80′), Carrillo, Zivkovic; Jonas (Raul Jiménez, 68′) e Mitroglou (Júlio César, 44′)

Treinador: Rui Vitória (castigado, rendido no banco por Arnaldo Teixeira)

Arouca: Bolat; Vargas, Jubal (Nuno Valente, 80′), Velazquez, Nelsinho; Nuno Coelho, André Santos, Adilson (Crivellaro, 46′); Mateus (Walter González, 64′), Kuca e Tomané

Treinador: Lito Vidigal

Golos: Mitroglou (25′ e 35′) e Carrillo (49′)

Acção disciplinar: cartão amarelo a Adilson (30′) e Tomané (52′); cartão vermelho a Ederson (42′)