O PCP não convenceu, esta sexta-feira, as organizações representativas dos trabalhadores da Carris de que a “melhor solução” para a gestão da empresa é o setor empresarial do Estado, mas ambos estão empenhados em evitar a privatização da rodoviária.

Não vínhamos com a perspetiva de convencer o PCP, o PCP também não nos convenceu (…), mas há uma questão que é clara, o grande objetivo que, quer o PCP, quer nós — organizações representativas dos trabalhadores — temos, é de que no futuro possamos evitar, quer a subconcessão, quer a privatização da Carris”, afirmou o porta-voz da Comissão de Trabalhadores da Carris, Paulo Gonçalves, após uma audiência com o grupo parlamentar do PCP, na Assembleia da República.

De acordo com Paulo Gonçalves, as organizações representativas dos trabalhadores da Carris continuam a defender que “não faz sentido” que a gestão da rodoviária seja entregue a uma entidade supra municipal ou ao setor empresarial do Estado, uma vez que estão “perfeitamente de acordo com todo este processo de municipalização” por parte da Câmara de Lisboa.

Apesar de o PCP ser contra a municipalização, existem “aspetos de concordância” com as organizações representativas dos trabalhadores da Carris, nomeadamente “a questão do problema da privatização no futuro e a necessidade de ser encontrada uma medida de salvaguarda relativamente a essa matéria”, frisou o deputado comunista Bruno Dias.

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A nossa expectativa é de que o resultado deste processo se possa traduzir e saldar numa alteração para melhor das normas que estão colocadas e que as preocupações e problemas que temos vindo a identificar e que também mereceram a concordância em vários aspetos aqui por parte desta reunião tenham realmente a resposta adequada no decreto”, declarou o deputado do PCP, no final do encontro com as organizações representativas dos trabalhadores da Carris.

Para o parlamentar comunista, é necessário defender o caráter público da empresa, a contratação coletiva e os direitos dos trabalhadores, assim como “a defesa da empresa na questão do tarifário e da repartição de receitas entre as empresas em relação ao tarifário em vigor”.

Bruno Dias reiterou que a posição do PCP é de que deve estar salvaguardada a gestão pública da Carris, criticando o PSD por apresentar como solução para o futuro da rodoviária a entrega da gestão aos privados.

“Nas condições atuais, continuamos a dizer que o PCP é contra a municipalização e que a melhor solução neste contexto é o setor empresarial do Estado”, frisou o deputado comunista, reforçando que “nem é a entregar a uma Câmara, nem a duas, nem a três, nem é a entregar a uma região metropolitana que não existe”.

Na audiência com o grupo parlamentar do PCP estiveram presentes elementos da Comissão de Trabalhadores da Carris, do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), do Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM) e da Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC).

Estamos perfeitamente disponíveis para continuar a colaborar, quer com o grupo parlamentar do PCP, quer com qualquer grupo parlamentar que tenha estes objetivos, não excluímos ninguém”, referiu o porta-voz da Comissão de Trabalhadores da Carris.

A 1 de fevereiro, a Câmara de Lisboa assumiu a gestão da rodoviária Carris — 41 anos depois de a ter “perdido” para o Estado –, num processo que gerou alguma polémica, após o PCP ter pedido a apreciação parlamentar do decreto que dá ‘luz verde’ à transferência. Além de Lisboa, a Carris serve também os concelhos de Loures, Odivelas, Amadora, Oeiras e Almada.