Um helicóptero da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) interveio no sábado para travar homens armados de uma fação da antiga rebelião Séléka que avançavam para a cidade de Bambari. “A Frente Popular para o Renascimento da República Centro Africana (FPRC) cruzou a linha vermelha na região de Ippy”, perto de Bambari, o que obrigou à intervenção e um helicóptero da força da ONU para travar “o aumento da ameaça de confrontação violenta na cidade de Bambari”, indicou a MINUSCA em comunicado emitido este domingo.

Na nota, esta unidade das Nações Unidas disse que “não teve outra escolha” para “parar o avanço da ameaça dos elementos da coligação FPRC para evitar confrontos em Bambari”, considerando que isso teria “consequências dramáticas para as populações civis já traumatizadas”.

A MINUSCA, criada em setembro de 2014 mediante a resolução 2149 do Conselho de Segurança da ONU, tem cerca de 12 mil efetivos de diferentes nacionalidades para manter a paz neste país, um dos mais pobres do mundo. Portugal participa nesta missão com 160 militares. As tarefas da MINUSCA, entre outras, são a proteção dos civis, a contenção da violência e o apoio às autoridades para estabelecer uma transição política através de um diálogo político inclusivo.

Esta missão da ONU tem sido alvo de duras críticas nos últimos meses por recorrentes abusos sexuais, em muitos casos a menores, alegadamente cometidos por “capacetes azuis”. Estes casos levaram as Nações Unidas a adotar medidas de “tolerância zero” para este tipo de crimes, tendo decidido repatriar centenas de soldados e realizar investigações, além de programas para assistir as vítimas.

A República Centro-Africana vive um complicado processo de transição, desde que em 2013 os rebeldes do grupo extremista Seleka depuseram o Presidente François Bozizé, o que desencadeou uma onda de violência sectária entre os muçulmanos e as milícias anti-Balaka, maioritariamente cristãs. A guerra civil já causou milhares de mortos, apesar de não haver números fiáveis, e obrigou cerca de um milhão de pessoas a abandonar os seus lares.

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