As melhores medidas apresentadas pelos promotores de festivais para apostar no desempenho ambiental poupando recursos, no tratamento de efluentes e produção de energia terão financiamento até 60% no programa Sê-lo Verde, disse esta segunda-feira o ministro do Ambiente.

“O que tem prioridade são mesmo as boas ideias, a poupança de recursos, onde estão os resíduos, é de facto da maior importância, os efluentes também, a produção de energia também. Esses serão cofinanciados até 60% do montante das medidas que vierem a ser apresentadas”, avançou João Matos Fernandes.

A área da educação ambiental “não é menos importante” e as propostas específicas nesta área terão apoios até 40% do seu valor, referiu ainda o ministro, falando à agência Lusa depois da presentação do Programa Sê-lo Verde. O governante referiu também que o Sê-lo Verde é “uma garantia de sustentabilidade ambiental” e o cofinanciamento das medidas será dividido entre festivais de média dimensão e festivais de grande dimensão.

O Governo pretende igualmente incentivar a utilização de novas tecnologias e de energias renováveis e a opção por ações que contribuam para uma sensibilização ambiental de todos os intervenientes nos festivais. Para o ministro da Cultura, também presente na cerimónia – assim como a secretária de Estado do Turismo -, esta é uma iniciativa “notável porque estimula” os produtores dos festivais de música a ter maior consciência ambiental.

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“Não que não tivessem já tomado medidas relativamente à proteção do ambiente, mas [esta medida] cria um estímulo para ir mais além, para terem objetivos mais ambiciosos”, referiu. Luís Castro Mendes disse ainda à Lusa que os festivais de música “são um ato de cultura, de encontro de jovens, de animação de localidades no interior, e representam um fluxo de cultura e de interação humana muito importante”. Nesses eventos, “a educação ambiental faz-se vivendo, na prática, não apenas na dissertação, na explicação, mas numa prática de boa relação com a natureza”, acrescentou o ministro da Cultura.

Estes eventos, referiu ainda o ministro do Ambiente, ao concentrarem dois milhões de festivaleiros “naturalmente produzem muito lixo, consomem muitos recursos, muita energia, sendo também fundamental na economia e, às vezes, na economia de territórios de muita baixa densidade”. A partir do conhecimento destes problemas e, tendo em conta que muitos festivais já têm em curso boas práticas ambientais e “não se estando a partir do zero”, o Governo decidiu avançar 500 mil euros, montante que permitirá “apoiar cerca de 10 festivais com cerca de 50 mil euros cada um”, anunciou.

Esses 10 festivais, acrescentou o ministro, vão ter o seu Sê-lo Verde, isto é, “a garantia de que um conjunto de medidas que se propuseram fazer fazem sentido, são boas para o ambiente”. A sessão de apresentação do Sê-lo Verde incluiu um encontro entre ‘startups’ e promotores de festivais para “juntarem ideias” visando festivais mais sustentáveis no futuro.

Entre os promotores presentes, foi transmitida a ideia de que a preocupação com o ambiente tem de passar pelos organizadores dos festivais, mas também pelos espetadores, principalmente na produção de resíduos e na mobilidade, ou forma de chegar aos eventos. Foi recordado o papel importante dos festivais como produto turístico e o apoio do Turismo na divulgação internacional dos eventos, e defendido “não ser vergonha ser apoiado pelo Estado” pois esta é uma atividade de risco.