O trajeto meteórico de Ederson no futebol nacional é uma questão de fé, tal como o próprio tantas vezes refere nas redes sociais ou em entrevistas. Mas é bem mais do que isso. E só assim se explica que o guarda-redes de 23 anos que sentou no banco o inquestionável Júlio César apague por completo um erro crasso cometido na sexta-feira (a expulsão frente ao Arouca) para ser o melhor jogador do Benfica quatro dias depois no maior palco do futebol internacional: a Liga dos Campeões.

Assim como parecia destinado que, frente ao Borussia Dortmund, Luisão ia marcar (e aquele toque de cabeça para o isolado Mitroglou brilhar foi quase um golo no seu 500.º jogo pelo Benfica), a presença de Taffarel – a antiga glória da seleção brasileira que se sagrou campeão do mundo em 1994 – na bancada trazia água no bico. Era um jogo que valia uma chamada à equipa principal do Brasil. Agora não é valia, valeu. Só falta mesmo ser divulgada a convocatória.

Nascido em Osasco, Ederson começou a dar nas vistas no São Paulo antes de chegar aos juniores do Benfica. Pela estatura e personalidade, impressionou. Na baliza e até à outra baliza – chegou mesmo a marcar um golo de um lado ao outro do campo, frente ao Sp. Braga. Ainda assim, acabou por sair para o Ribeirão. Mais uma época e estava no Rio Ave. Mais três temporadas e regresso à base, na Luz.

Com Júlio César na equipa, Ederson deveria passar apenas por um período de aprendizagem, mas uma lesão do veterano guarda-redes em vésperas de dérbi em Alvalade acabou por marcar em definitivo a ascensão de uma estrela. E que estrela deu: fez os últimos dez jogos do Campeonato, o Benfica ganhou dez vezes. No primeiro ano, dobradinha: Liga e Taça. Só não foi perfeito porque, depois de ser chamado para a Taça das Confederações, acabou por lesionar-se com gravidade.

Agora já começou o bailarico do costume sobre os eventuais interessados no guarda-redes. Barcelona e Real Madrid comandam a corrida, Inter e Manchester City também querem entrar na jogada. Para se precaver dos leilões, o Benfica renovou com Ederson até 2023. Mas exibições como aquela que garantiu a vitória frente ao Borussia Dortmund podem encurtar essa extensão temporal. Desta vez, como quando era júnior, não marcou. Mas o seu jogo valeu bem mais do que um golo.

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