O cabeça de lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às próximas eleições gerais angolanas, general João Lourenço, prometeu este sábado um “cerco apertado” à corrupção e pediu o fim da “impunidade” no país, durante um discurso em Lubango, capital da província da Huíla, no primeiro ato oficial da pré-campanha.

Falando a partir de um palco com duas fotografias de grande dimensão de José Eduardo dos Santos, presidente de Angola e do MPLA, João Lourenço foi fortemente aplaudido por uma multidão de 100 mil apoiantes (segundo números da organização) ao destacar que a corrupção em Angola é um “mal que corrói a sociedade”. Recordando tratar-se um fenómeno que afeta todos os países, Lourenço advertiu que, em Angola, o problema está na “forma” como é encarado.

Não podemos é aceitar a impunidade perante a corrupção. Se conseguirmos combater a corrupção, até os corruptos vão ganhar com isso”, ironizou, num discurso transmitido em direto pela Televisão Pública de Angola e pela Zimbo, um canal privado de televisão. “De resto, deixem-nos trabalhar. Não ponham mais dificuldades”, sublinhou, referindo-se aos problemas que os empresários enfrentam para investir no país devido ao conhecido pagamento de “gasosas” para ultrapassar as “pedras no caminho”.

Num discurso de cerca de uma hora, Lourenço prometeu ainda a descentralização e municipalização do país, falou na saúde, uma das prioridades da sua candidatura de Lourenço, e no aumento da produção nacional, para travar as importações. “É uma vergonha que a carne para o nosso cidadão tenha que ser importada, quando podemos produzir o gado cá na terra”, afirmou, prometendo fazer de Angola “um verdadeiro celeiro”.

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Em termos de investimento — e num momento em que Angola enfrenta uma crise económica e financeira devido à quebra nas receitas do petróleo — o candidato à Presidência da República falou no envolvimento dos privados na reconstrução nacional. “Vamos criar parcerias público-privadas para recuperar as infraestruturas. Não precisa de ser o Estado sozinho a construir”, apontou, aludindo à intenção de atribuir “concessões” por vários anos a privados (envolvendo construção e gestão), mas sem especificar em que áreas.

Na intervenção, a primeira pública como cabeça-de-lista do MPLA, João Lourenço prometeu ainda uma revisão na política de imigração, tornando “mais fácil e simplificado” o processo de concessão de vistos a estrangeiros. “Vamos abrir a política de vistos e fazer um controlo muito mais cerrado à entrada de ilegais. Vamos combater seriamente os ilegais, aqueles que pulam a janela e nos surpreendem no quarto. E abrir mais a porta da frente da nossa casa, para os legais”, enfatizou, acusando os imigrantes ilegais de estarem a levar para fora de Angola, ilicitamente, recursos minerais, como diamantes.

No final, apelou ao apoio dos eleitores: “Precisamos de ganhar as eleições. Temos a vitória nas nossas mãos, não a deixemos fugir”.