A plataforma espanhola Ecologistas em Acción criticou esta terça-feira o acordo entre os governos espanhol e português sobre a central nuclear de Almaraz, considerando que Portugal “cedeu às pressões” de Espanha e da Comissão Europeia.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, a Plataforma, que congrega mais de 300 grupos ecologistas de toda a Espanha, afirma que “o Governo português não foi capaz de se manter firme na sua denúncia de irregularidades do Governo espanhol ao autorizar” um armazém de resíduos na central nuclear de Almaraz.

A Comissão Europeia anunciou esta terça-feira que acordou com os governos de Portugal e Espanha uma “resolução amigável” para o litígio em torno de Almaraz, que prevê uma visita conjunta à central nuclear, com a participação do executivo comunitário.

Mediante esse acordo Portugal comprometeu-se a retirar a queixa que apresentou à Comissão Europeia a 16 de janeiro.

“As pressões, tanto do Governo espanhol como da Comissão Europeia, e a oferta de acelerar as interconexões energéticas parecem ter sido demasiado fortes para ele”, diz-se no comunicado, sendo o “ele” o Governo de Portugal.

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No documento os ecologistas lembram que também interpuseram uma ação, a 31 de janeiro, contra a decisão de se construir um armazém de resíduos em Almaraz, uma central nuclear a apenas cem quilómetros da fronteira de Portugal. E acrescentam que um dos motivos é que “foram ignorados os impactos transfronteiriços da obra”.

Uma fuga radioativa, alertam os ecologistas, podia acabar no rio Tejo e afetar por isso Portugal. Tal, dizem, já aconteceu em 1970, quando vestígios de uma fuga de água radioativa na antiga Junta de Energia Nuclear, Madrid, foram detetados na foz do Tejo.

O grupo ambientalista (como outros grupos em Portugal) diz que a construção do armazém destina-se a prolongar a vida da central além de 2020, quando a central está quase com 40 anos.

E ao aceitar o acordo o Governo de Portugal está aceitar que se prolongue uma central até aos 60 anos, não ouvindo “a voz da maior parte da população portuguesa e do parlamento português”, afirma-se no documento.

E acrescenta-se: “reatores nucleares com mais de 40 anos são um risco inaceitável”