“Vedações”

O segundo filme de Denzel Washington como realizador está candidato a quatro Óscares (incluindo de Melhor Actor para o próprio) e adapta a peça de 1983 do falecido August Wilson, parte de um ciclo maior de 10, todas elas ambientadas em Pittsburgh. A acção passa-se nos anos 50, centrada em Troy Maxson (Washington), um pai de família frustrado e revoltado por não ter conseguido fazer carreira no basebol profissional, e que tem um filho legítimo, e outro ilegítimo de uma ligação anterior, tratando ambos abaixo de cão por igual. Há ainda a sua sofrida mulher, Rose (Viola Davis), e Gabriel, o seu irmão (Mykelti Williamson), que voltou da II Guerra Mundial com problemas mentais. Além do filme estar claramente agrilhoado à sua origem teatral, facto que a realização não pode ocultar, o texto de Wilson apresenta-se muito datado, carregado de simbolismos de carregar pela boca (a começar pelas vedações do título), de conflitos requentados e de metáforas de basebol fáceis e repetitivas, que saem em jacto contínuo da boca de Denzel Washington, numa interpretação exibicionista, a namorar descaradamente o Óscar. Mas é Viola Davis que tem mais probabilidades de ganhar o de Actriz Secundária do que ele.

“T2 Trainspotting”

No filme original de 1996, Renton (Ewan McGregor), Sick Boy (Jonny Lee Miller), Spud (Ewen Bremner), Begbie (Robert Carlyle), eram um acelerado e mocado quarteto de auto-excluídos do sistema, os anti-“Choose Life” por excelência, assumindo com raiva e orgulho as consequências dessa vida alternativa à “normal”. Vinte anos mais tarde, em “T2 Trainspotting”, parcialmente inspirado em Porno, a continuação do livro original, Sick Boy, Spud e Begbie continuam a arcar com essas consequências. O primeiro anda com uma prostituta búlgara (Anjela Nedyalkova), filma-a com os clientes para depois os chantagear e quer abrir um bordel; o segundo continua a não fazer nada e a drogar-se; e o terceiro está na cadeia. Só Renton, que traiu os amigos no final do primeiro filme e fugiu para a Holanda com o dinheiro da venda de um saco de droga, parece ter “escolhido a vida”. E está de regresso a Edimburgo, dir-se-ia que roído pela consciência. Nesta parte 2, realizada de novo por Danny Boyle, há nostalgia, azedume, ajustes de contas, desejos de redenção, “flashbacks” melancólicos e perplexidades soltas, desembocando num filme-perseguição convencional. Continua a haver cocaína, mas também Viagra, E há mais uma traição, esta de fora do baralho. “T2 Trainspotting” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.

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