O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, acusa a maioria de esquerda no parlamento e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, de criarem obstáculos ao inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos, justificando a criação de uma nova comissão. Esta nova comissão “andará à volta do período entre o convite feito ao dr. António Domingues e a sua demissão”, afirmou em entrevista ao Público e à Renascença,

“Tínhamos espaço para o fazer na atual comissão de inquérito. Primeiro suscitámos o alargamento do objeto — e a maioria rejeitou; depois pedimos o acesso a informação — e a maioria rejeitou; depois antevimos a possibilidade de chamar António Domingues e o ministro das Finanças — e a maioria recusou”, destaca Montenegro, acrescentando que “não restava outra possibilidade senão criar esta comissão de inquérito”.

Também Ferro Rodrigues é alvo de críticas por parte de Montenegro. “O presidente da Assembleia da República não tem poder para inviabilizar esta comissão de inquérito. Teve, aliás, uma intervenção muito infeliz em todo este processo. Começou por levantar obstáculos sem fundamento à delimitação do objeto inicial e chegou ao limite de, na conferência de líderes, dizer ao PSD e CDS que era um mau serviço ao Parlamento suscitar o assunto do boicote a que estamos a ser sujeitos”, sublinha.

Luís Montenegro defende ainda a decisão de consultar as SMS trocadas entre António Domingues e Mário Centeno. “Só mesmo quem tenha muito medo daquilo que possa ser o conteúdo dessas comunicações pode estar incomodado”, afirma, destacando ainda que tem “a convicação de que o ministro das Finanças faltou à verdade, mentiu no Parlamento sobre a circunstância de ter comprometido o Governo num acordo”. “Ele teve muitos meses para dizer claramente, preto no branco, que os administradores da CGD deviam cumprir essa obrigação legal e que a legislação não implicava excecionar os administradores — e nunca o disse”, acrescenta.

O líder parlamentar do PSD considera, por isso, que “o que está a acontecer no Parlamento é um escândalo democrático, com a anuência do primeiro-ministro e com a anuência dos seus acólitos, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins”.

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