Há mais de 2,3 milhões de portugueses a viver fora do país e, segundo os dados da ONU reunidos no mais recente relatório do Observatório da Emigração sobre o tema, Portugal é o segundo país da União Europeia com maior taxa de população emigrada. Só Malta supera os dados nacionais, que contrastam com a realidade espanhola.

Para encontrar um paralelo no número de saídas de portugueses do país, nos últimos três anos, é preciso recuar ao boom contemporâneo da emigração lusa, nas décadas de 1960 e 1970. Agora, e tal como acontecia nesse período, todos os anos saem de Portugal mais de 110 mil pessoas.

Mas, ao contrário do que acontecia no século passado, em que França estava no topo dos destinos de quem tentava a sorte lá fora, agora — e ainda que o impacto do Brexit não entre para estas contas — é o Reino Unido o principal destino de quem parte.

Em 2015, há registo de 32.301 portugueses que chegaram ao Reino Unido. França mantém-se como um dos principais destinos (e aquele com a maior comunidade de portugueses no estrangeiro), com 18.480 novos residentes lusos, seguido da Suíça(12.325) e da Alemanha (9.195). O primeiro país não europeu surge na quinta posição: Angola, onde aterraram 6.715 portugueses. Mas essa é uma situação de exceção à regra. De acordo com o estudo, “a percentagem de portugueses (residentes no estrangeiro) a viver na Europa passou de 53% em 1990 para 62% em 2015”, considerando os dados da ONU.

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Nesse período, segundo os dados publicados pelo jornal Público, a taxa de emigrantes portugueses (o número de emigrantes em função da população no país de origem) era de 22,3%. O que significa que cerca de um em cada cinco portugueses vive fora do país. No caso de Malta, esse número é ligeiramente superior: 24,7%. Croácia (20,6%), Lituânia (18,9%) e Irlanda (18,8%) completam o top 5 dos países da União Europeia com maior taxa de emigração.

No extremo oposto, Espanha (com apenas 2,7% de emigrantes), França (3,3%), Suécia (3,4%), Dinamarca (4,4%) e Bélgica (4,7%) são os países com uma população emigrante mais baixa em função da população nacional residente.

O estudo nota ainda “o continuado crescimento da emigração para o Reino Unido desde 2010, a retoma do crescimento da emigração para Espanha (mais 12% pelo segundo ano consecutivo) e, surpreendentemente, uma aceleração da emigração para Angola em 2015, com um crescimento de mais de 30% em relação a 2014”.