As conclusões de um relatório encomendado recentemente pelo governo britânico já tinham dado o alerta: ou se tomam medidas urgentemente ou as superbactérias, imunes aos antibióticos existentes, vão matar 10 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, já em 2050 (hoje são responsáveis por “apenas” 700 mil mortes/ano).

Esta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) juntou-se ao coro e instou o mundo a criar novos medicamentos para combater 12 superbactérias que resistem aos antibióticos e que ameaçam levar a uma explosão de doenças incuráveis.

Os agentes patogénicos “prioritários”, segundo a lista da OMS, incluem germes que causam infeções mortais na corrente sanguínea, nos pulmões, cérebro ou aparelho urinário, e que não respondem a uma cada vez maior lista de medicamentos.

A resistência aos antibióticos está a crescer e estamos a ficar sem opções de tratamento“, afirmou Marie-Paule Kieny, diretora-geral-adjunta da OMS, que publicou a lista, no topo da qual aparecem as ‘Acinetobacter baumannii’, um grupo de bactérias que provoca patologias diversas, que vão desde a pneumonia até infeções em feridas.

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A responsável alertou que se funcionar apenas a lei do mercado os novos antibióticos não serão desenvolvidos a tempo, pelo que é necessário que os governos criem políticas para aumentar o financiamento público e privado na investigação de novos medicamentos.

A OMS já tinha avisado que, se nada for feito, numa era pós-antibiótico as infeções comuns ou pequenos ferimentos podem transformar-se em assassinos, considerando, em comunicado, que as bactérias podem desenvolver resistência aos fármacos quando as pessoas tomam doses incorretas de antibióticos, e que estirpes resistentes podem ser contraídas diretamente de animais, da água, do ar ou de outras pessoas.

Os germes da lista da OMS, que é dividida em três categorias e que inclui entre as bactérias mais preocupantes a ‘salmonella’ e a ‘Staphylococcus aureus’, foram escolhidos com base na gravidade das infeções que causam, na facilidade com que se propagam, no número de fármacos em uso e nos novos antibióticos que estão a ser estudados.

Uma das prioridades são superbactérias resistentes a antibióticos que estão muitas vezes em hospitais, clínicas e entre pacientes que dependem de ventiladores e cateteres.

Na lista estão também bactérias resistentes aos medicamentos e que causam doenças “mais comuns” como gonorreia ou intoxicação alimentar induzida por salmonela.

A lista será discutida com especialistas em saúde do grupo dos G20 (maiores economias mundiais), esta semana em Berlim.