A startup portuguesa Kide, plataforma de comércio online de moda para criança, comprou a concorrente Bon Mignon, dando início a uma “fase de crescimento e de entrada com mais força no mercado em Portugal”. O anúncio da compra acontece numa altura em que a empresa se prepara para lançar a nova versão do website e da aplicação móvel da Kide. Os valores da operação não foram revelados.

Com a aquisição da Bon Mignon vamos ter uma prioridade forte no mercado português, tentando aproveitar toda a rede de seguidores e os clientes que [a Bon Mignon] já tinha”, disse Nuno Pinto, fundador da Kide, ao Observador.

A Kide reúne, numa plataforma de comércio online, produtos exclusivos de marcas de moda infantil mais pequenas e independentes , nacionais e internacionais. Está disponível em app (para iPhone e Android) e web.

Com a compra da principal concorrente em Portugal, a Kide ficou com toda a operação da Bon Mignon (exceto a equipa que foi “dispensada”), conseguindo mais 12 marcas para o portfólio, assim como toda a base de dados de clientes e utilizadores. Uma forma de entrar em Portugal “sem um grande investimento”, afirmou o fundador.

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Faltavam-nos algumas marcas nacionais que a Bon Mignon tinha no portfólio. Nós já tínhamos grande parte das marcas independentes nacionais, mas algumas que estavam na Bon Mignon não queriam entrar na Kide, para não estarem em duas plataformas ao mesmo tempo, em Portugal”, referiu.

Um personal stylist para os miúdos

A nova versão da plataforma e da aplicação móvel da Kide vai ser lançada esta quarta-feira, depois de ter estado um mês em beta testing (fase de testes).

Numa fase em que vamos lançar o novo produto para o mercado, pensamos em ter algum reconhecimento, a nível nacional, do que é a Kide. Achamos que a compra da Bon Mignon seria boa nesse sentido e para crescer para mais marcas”, referiu Nuno Pinto.

Além da loja online, a plataforma quer oferecer uma experiência de compra personalizada a cada cliente, através de um sistema de personal stylist (consultor de moda pessoal) para ajudar pais a escolher o estilo de peças de vestuário que preferem para os filhos. Vai funcionar como um Tinder para a moda infantil: o utilizador só precisa de deslizar o dedo para a direita caso goste da peça ou para a esquerda caso não lhe agrade.

O atual portfólio da Kide conta com mais de 80 marcas, incluindo as 12 marcas conseguidas na aquisição da Bon Mignon, nacionais (Maria Bianca, Knot, Grace Baby & Child, Patachou) e internacionais (Knit Planet, The Bright Company).

De acordo com Nuno Pinto, a empresa está, neste momento, em negociações com cerca de 30 marcas, dado o início da coleção primavera-verão. A previsão é a de fechar mais 12 marcas, no próximo mês. “Estamos em contagem decrescente para chegar à marca das 100”, diz. Mas o objetivo passa por chegar às 140, ainda em 2017.

“Agora é difícil entrarem mais marcas nacionais porque não há muitas mais. No início eram todas portuguesas, depois entraram algumas internacionais que, neste momento, têm ligeiramente mais peso (60% para 40%) do que as nacionais”, explica Nuno Pinto. Assim como mais de metade das vendas (cerca de 60%) que vão para destinos internacionais, como a Bélgica, Estados Unidos e Reino Unido, informou a empresa em comunicado.

Da corretora de seguros à moda infantil

A Kide nasceu em Braga, em 2015, depois de Nuno Pinto se ter “cansado” do trabalho de dez anos na corretora de seguros que tinha fundado e que agregava agentes de seguros pequenos e médios. No fundo, era o mesmo princípio do que na Kide que, em vez de agentes de seguros, seleciona marcas de roupa independentes.

Precisava de fazer uma coisa diferente da minha vida. O meu filho tinha um ano quando tive a ideia de criar a Kide. A minha esposa tinha muita dificuldade em comprar moda infantil diferente da oferta que havia. Estas marcas [independentes] existiam em canais próprios como sites, mas muitos tinham difícil navegação, portes de envio caros, ou então só vendiam através de mensagens no Facebook”, contou o responsável.

Começou a pensar numa forma de ter as marcas todas no mesmo local, numa plataforma em que fosse possível fazer uma compra multi-marca, pagar com um cartão multibanco e ter os artigos entregues em casa.

Foi da junção da necessidade que tinha como pai, com a ideia de modelo de negócio da Farfetch (com as devidas proporções), que nasce a Kide – para agregar marcas exclusivas e pequenas, muitas vezes “controladas e condicionadas” pelo marketing digital das grandes marcas grandes -, explicou o fundador.

Desde abril do ano passado, altura em que a startup arrancou efetivamente, faturou mais de 20 mil euros. O objetivo, diz Nuno Pinto, é multiplicar por 10 este valor em 2017, tendo como alvo os mercados internacionais: Inglaterra e países do centro da Europa, Estados Unidos e Médio Oriente.

O objetivo é ir para o mercado e vender, monetizar tudo o que fizemos até agora”, diz o fundador da Kide.

Em 2016, a startup levantou 100 mil euros de investimento da Caixa Capital, depois de ter vencido o 3.º Programa de Aceleração da Startup Braga.

“Com esse dinheiro, investimos maioritariamente no produto e em marcas. Não quisemos gastar esse dinheiro na aquisição de clientes. Oito meses passados, temos o produto que queríamos feito. Tínhamos o sonho de fazer a personalização da experiência de compra e conseguimos fazê-la e chegamos a mais de 70 marcas orgânicas”, concluiu Nuno Pinto.