AJ Vandermeyden, engenheira da empresa Tesla, denunciou ao jornal britânico The Guardian o ambiente machista e sexista que sentiu na empresa. Em entrevista, a engenheira de 33 anos aborda temas como o assédio de que é vítima ou o tratamento desigual em relação a colaboradores do sexo masculino.

Numa entrevista exclusiva ao jornal britânico, AJ Vandermeyden, que se mantém a trabalhar na empresa de automóveis Tesla, denunciou os comportamentos machistas e sexistas, razão pela qual avançou com um processo contra a empresa de Elon Musk. Ao longo da entrevista foram denunciados comportamentos machistas por parte dos colaboradores, inclusive da própria administração, que perante as suas denúncias relativizou sempre os acontecimentos.

As principais queixas, segundo Vandermeyden, são de “assédio generalizado” e recaem na falta de igualdade entre homens e mulheres dentro da empresa: o salário pago aos homens é sempre mais alto que a remuneração das mulheres, mesmo que desempenhem tarefas iguais, e os homens menos qualificados são sempre promovidos mesmo que as equipas contem com mulheres mais eficientes. E há ainda episódios de assédio dentro das fábricas, acrescenta a engenheira de 33 anos, casos que não são isolados, garante. O cenário é transversal à generalidade das mulheres que trabalham na gigante automóvel, onde enfrentam o ambiente machista por medo de represálias na evolução da carreira.

AJ Vandermeyden denunciou o caso no ano passado, através de um processo legal, alegando que, “até que alguém se imponha, nada vai mudar”. Nessa mesma queixa, a colaboradora da Tesla denunciou o facto de desempenhar exatamente as mesmas funções que colegas do sexo masculino e receber substancialmente menos. No entanto, mesmo depois de todas estas acusações, Vandermeyden manteve-se a trabalhar na Tesla. Só que nada ainda mudou.

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Sou uma defensora da Tesla. Eu realmente acredito que eles [Tesla] estão a fazer grandes coisas. Dito isto, não posso fechar os olhos, quando há algo fundamentalmente errado a acontecer,” comentou a AJ Vandermeyden.

Quando apresentou o caso à administração liderada por Elon Musk recebeu a resposta-tipo que a Tesla costuma dar em casos como este: “Estamos focados em fazer carros. Não temos tempo para lidar com esse tipo de coisas.”

Vandermeyden apresentou ainda dados concretos de como a empresa é maioritariamente masculina: todos os principais cargos executivos da empresa pertencem a homens e só se consegue encontrar uma mulher na hierarquia mais alta se olhar para os vice-presidentes. Mas, em 30, apenas duas são mulheres.

A engenheira de 33 anos coloca assim a empresa Tesla e o seu presidente executivo, Elon Musk, sob fogo cerrado. O jornal britânico conta ainda, que num primeiro contacto, a gigante de automóveis recusou-se a comentar o caso. No entanto, e devido às ondas de choque que a entrevista está a causar, acabou por, através de um porta-voz, comentar o caso. Em sua defesa, afirmou que na altura em que a queixa de Vandermeyden foi formalizada, especialistas independentes investigaram o caso, mas não conseguiram encontrar provas de “discriminação de género, assédio ou retaliação”.

Esta não é, no entanto, a primeira vez que uma empresa de notoriedade mundial é acusada de comportamentos menos próprios por parte dos colaboradores masculinos face a mulheres assim como desigualdade de género na hierarquia da empresa. Recentemente, uma ex-colaboradora da Uber também denunciou casos semelhantes.