Pensava que estava tudo contado em relação à sexta-feira negra de François Fillon? Também nós. Mas não: de acordo com o Le Monde, o diretor de campanha, Patrick Stefanini também apresentou a sua demissão, que foi aceite pelo candidato. Mas esta saída acarreta bem mais do que apenas outra baixa – falamos de um dos principais estrategas da vitória nas primárias.

Antigo braço direito do antigo primeiro-ministro Alain Juppé na década de 90, Stefanini era visto como uma espécie de derradeiro bastião que continuava ainda com Fillon numa semana onde quase todos os apoiantes foram saindo a uma base quase diária após ter sido conhecido que o conservador seria formalmente acusado do uso indevido de fundos públicos. Percebe-se, ainda assim, que era expectável: a partir de segunda-feira, o cargo será ocupado por Vincent Chriqui. Será mesmo?

A eurodeputada Nadine Morano foi outra das vozes que já se mostrou favorável à desistência de Fillon. “Não irmos à segunda volta seria uma catástrofe. Deverá deixar de parte os seus interesses pessoais e acompanhar Os Republicanos no processo de designação de um novo candidato”, referiu, numa ideia partilhada por Michèle Tabarot. Vozes a defender a continuidade na corrida, quase nada. A não ser os que acreditam que a manifestação preparada para domingo, em Paris, terá a força suficientemente para voltar a baralhar um jogo onde Fillon perdeu todos os trunfos.

Recorde-se que, logo de manhã, o porta-voz de campanha Thierry Solère apresentou a sua demissão, ao mesmo tempo que o Politico avançou com a possibilidade de Fillon poder sair de corrida no domingo citando fontes próximas do candidato. Mais tarde, a UDI confirmou também que tinha retirado o seu apoio ao conservador, com o líder do partido de centro-direita, Jean-Christophe Lagarde, a deixar o apelo para que se retirasse do cenário eleitoral.

Em paralelo, este foi o dia onde se confirmou a enorme quebra a nível de opinião pública através de um estudo do Instituto Odoxa para a France 2: caso Fillon não desistisse, ficaria atrás de Macron e Le Pen; caso saísse, e se Juppé avançar no seu lugar, é Le Pen que sai de cena logo na primeira volta, perdendo para Juppé e Macron. Por mais que tente fugir da confusão, o futuro de Fillon parece estar envolto num labirinto sem saída, onde a saída pode ser a única resposta.

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