Morreu esta quinta-feira a pintora Maria Velez, aos 82 anos. A artista notabilizou-se pelos seus numerosos trabalhos de pintura, gravura e tapeçaria. Também foi professora em escolas de Lisboa como a António Arroio e Josefa de Óbidos e na Escola Técnica do Cacém antes de ser assistente de desenho na Faculdade de Arquitectura de Lisboa de 1983 a 1995.

Como consultora de moda, tendo desenhado várias colecções para a indústria têxtil na década de 1970. Na realidade estudara design de moda na Kaunstgewerbe Schule, em Uster, ainda antes de tirar o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1961.

No início da sua carreira, em 1964, o crítico Fernando Pernes escrevia que Maria Velez fazia parte da “primeira fila dos pintores portugueses”, salientando o carácter “feminil”, “íntimo e poético” das suas colagens, chamando a atenção para a sua “alegria puríssima, lúdica e irónica”. Mais tarde a crítica distanciar-se-ia do que alegado “teor decorativo” da sua obra, deixando de apreciar a sua feminilidade.

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A pintora atribuiu esse distanciamento à formação em Portugal da delegação da Associação Internacional dos Críticos de Arte — AICA em 1973. Desde essa altura, escreveu Maria Velez num texto ainda inédito, “deu-se um absoluto silêncio nos orgãos de comunicação por parte de críticos de arte sobre o trabalho de todos os que contestaram o conceito “os críticos é que fazem os artistas”. O interessante é que deixámos de existir.

Serigrafia de Maria Velez, década de 1960

Maria Velez realizou numerosas exposições individuais e colectivas em Madrid, Tóquio, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Paris e Londres.