O que unia Luiz Inácio Lula da Silva a Hugo Chávez? O diário espanhol ABC propõs-se a fazer um exercício de comparação entre ambos, trançando um paralelismo entre a forma como o antigo Presidente brasileiro e o ex-Chefe de Estado venezuelano usaram empresas próximas do regime — a Odebrecht (Brasil) e a petrolífera pública PDVSA (Venezuela) — para ganharem peso e influência regional.

O jornal espanhol explica, por exemplo, como o regime chavista terá usado milhares de milhões de dólares das receitas da PDVSA para alimentar um esquema de corrupção generalizada e de larga escala. Ou como, no Brasil, a construtora Odebrecht terá pago, de acordo como Departamento de Justiça norte-americano, quase 800 milhões de dólares em luvas para garantir obras públicas em pelo menos 12 países, nos anos de 2001 a 2016.

Para o diário espanhol, as duas empresas eram peças fundamentais para as pretensões dos dois Chefes de Estado durante o período de crescimento das duas economias. “A ambição da Odebrecht e a ambição de Lula era idênticas: a companhia queria operar em todo o lado e o Presidente queria demonstra a força internacional do Brasil”, defende Pedro Mario Burelli, que chegou a ocupar cargos executivos na PDVSA antes da nacionalização da petrolífera e que mais tarde acompanhou de perto os governos de Lula e Dilma Rousseff.

“Será apenas uma questão de tempo para que surjam mais informações sobre o caso Odebrecht” que comprovem o papel de Lula “como facilitador de contratos” da construtora em com muitos governos da América Latina, incluindo com a Venezuela de Chávez, sugere Burelli.

O ABC termina a análise traçando uma diferença substancial entre os dois líderes políticos: para conseguir a influência que alcançou, Chávez distribuiu petróleo a preços baixos, reduzindo os recursos públicos do país. Lula da Silva, por sua vez, terá agido politicamente para junto de outros países para favorecer uma empresa brasileira, que depois alimentaria uma rede de subornos de escala global.

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