Um grupo de jovens empreendedores do País Basco, em Espanha, desafiou o mercado do vinho há dois anos com a comercialização de um vinho azul. Mas, o que acabaria por ser uma inovação no setor, acabou por sofrer alguns reveses. No mês passado, a Gïk, startup fundada pelos jovens, foi forçada a mudar os rótulos do vinho (que diziam expressamente “vinho azul”) e a alterar ligeiramente a composição do mesmo – constituído por um corante indigo e por antocianina, um pigmento presente na pele da uva -, depois de ter sido multada pelo Ministério da Agricultura espanhol por violar as regulações impostas, que não aprovam essas propriedades para a cor azul, conta o The New York Times.

O nosso objetivo era, claramente, oferecer algo divertido e inovador às pessoas que procuravam um vinho. O problema é que tentámos revolucionar uma indústria que trabalhou durante séculos sem fazer qualquer alteração – e eles controlam as regras do jogo”, revelou Taig Mac Carthy, um dos fundadores da startup.

José Luis Benítez, diretor da Federação do Vinho de Espanha, cujos membros são responsáveis por três quartos da produção vinícola da região, admitiu que a decisão não foi motivada por eles, mas sim, por um anónimo. Apesar de Benítez não ter poupado elogios ao trabalho da Gïk, admitiu que as regulamentações falam mais alto.

É uma iniciativa louvável por parte da empresa mas as regras têm de ser respeitadas, e elas são para todos. O setor vitivinícola tem de promover a inovação para atrair novos e jovens consumidores, mas só a regulamentação europeia consegue proteger, tanto os produtores como os consumidores, da fraude e dos riscos para a saúde”, salientou.

O processo de produção do vinho azul Gïk

Agora, e mais de dois meses depois da composição dos vinhos Gïk ter sofrido alterações, a startup voltou a entrar no mercado ao apostar numa bebida alcoólica constituída por 99% de vinho e 1% de uva.

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O vinho Gïk

Mas Taig Mac Carthy não desistiu da sua ideia inicial e lançou uma petição online contra as restrições, que proíbem rótulos que digam expressamente “vinho azul”, atualmente em vigor. “Sei que não sou um advogado, mas toda esta luta deixou-me com uma espécie de ressaca”, rematou Carthy.

Também em 2008 um produtor de vinho espanhol foi multado por comercializar um vinho espumante, o cava, que continha partículas de ouro, conhecido maioritariamente por ser produzido na Catalunha.

Também em Portugal foi lançado um vinho azul, produzido pela Quinta da Bacalhôa. O Casal Blue Mendes, assim batizado pela produtora associada à Península de Setúbal e certificado pelo IVV como “bebida aromatizada à base de vinho”, é feito a partir de vinho branco, tem apenas 10% de teor alcoólico e apresenta alguma doçura e acidez.

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