O Vaticano, criticado pela sub-representação do sexo feminino, apresentou esta terça-feira, na véspera do Dia Internacional da Mulher, um novo órgão consultivo que será composto exclusivamente por mulheres, de várias nacionalidades e de confissões religiosas diferentes.

O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, anunciou no Vaticano que este novo órgão vai integrar um grupo de 37 mulheres, de diferentes nacionalidades e confissões religiosas.

Até há pouco tempo, não tinha nenhuma mulher numa posição de liderança no seio do Conselho Pontifício para a Cultura”, admitiu o cardeal italiano.

Gianfranco Ravasi realçou, ainda, que esta medida não deve ser encarada como “cosmética”, garantindo que estas mulheres irão estar presentes em todas as atividades do seu ministério, contribuindo com o seu “olhar feminino”.

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Na apresentação, o cardeal citou as palavras do escritor britânico de origem polaca Joseph Conrad: “É terrivelmente difícil ser mulher, porque é essencialmente ter de lidar com os homens”. “E eu digo, lidar com padres é ainda pior“, acrescentou Gianfranco Ravasi.

Este órgão consultivo foi criado há dois anos, mas o Vaticano só agora apresentou esta estrutura porque quis amadurecer a ideia. O órgão consultivo vai reunir-se três vezes por ano.

A académica Consuelo Corradi foi a escolhida para coordenar o novo órgão. “A nossa ambição é falar sobre os temas universais a partir da perspetiva das mulheres“, disse a académica. Entre as mulheres que integram o órgão está também a teóloga iraniana muçulmana Shahrazad Houshmand.

Na quarta-feira, um colóquio sobre a contribuição das mulheres na paz no mundo vai decorrer, pelo quarto ano, no Vaticano. O evento pretende ouvir mulheres católicas que lutam contra a escravatura sexual ou que têm um papel ativo na educação de refugiados ou no acesso de cuidados para os mais pobres.

O Papa Francisco e os vários elementos da Cúria (governo do Vaticano) não compareceram, esta terça-feira, na apresentação do novo órgão consultivo, porque estão a realizar um retiro espiritual numa pequena aldeia a sul de Roma.

O Papa Francisco tem apostado nas mulheres nomeadamente ao nomear, pela primeira vez, uma mulher para porta-voz do Vaticano e outra para a direção do seu Museu.