Chama-se “O Fundador” e é a adaptação ao cinema da biografia de Ray Kroc, o homem que ficou na história como o criador da cadeia de fast-food mais popular do mundo, que todos os dias alimenta 1% da população no planeta Terra. Falamos da McDonald’s, que atualmente está presente em quase 120 países.

O filme, com estreia em Portugal marcada para 16 de março, conta com uma brilhante interpretação de Michael Keaton — pelo menos a julgar pelas críticas publicadas no The Guardian, na Forbes e na Rolling Stones — para contar como um restaurante de hambúrgueres em San Bernardino, na Califórnia, deu origem a uma das empresas no sector da restauração mais rentáveis de sempre.

Ray Kroc, a personagem principal, é o vendedor ambulante de 52 anos sem sorte na vida. O homem esforçado por natureza que fica curioso quando recebe uma encomenda para meia dezena de máquinas de fazer batidos (o gadjet que vendia à data). A curiosidade leva-o a conhecer o estabelecimento gerido pelos irmãos Mac e Dick McDonald, a dupla que conseguia vender hambúrgueres feitos em 30 segundos por 15 cêntimos, num espaço minúsculo sempre com fila à porta.

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Este é o ponto de partida para a criação da cadeia alimentar tal como a conhecemos, conta o espanhol El País, que faz questão de salientar que a história da empresa é, também, uma história de traição. Kroc deixou de ser o homem que vendia máquinas de batidos para trabalhar a marca dos irmãos McDonald. E se em 1955 começou a vender licenças, em 1961 já sonhava com a expansão a nível mundial — ao início, todos os passos por ele dados tinham a supervisão de Mac e Dick, uma realidade que se foi tornando cada vez mais difícil à medida que o negócio ia crescendo.

O El Español refere que a ideia original da McDonald’s haveria de desaparecer, com a qualidade a deixar de ser importante. Descritos como pouco ambiciosos pelo próprio Korc, os irmãos venderam-lhe a empresa por 2,5 milhões euros (atualmente vale 17 milhões). Concretizada a venda, Ray Kroc expandiu a cadeia de restaurantes por todo o país, tornou o processo de servir comida ainda mais rápido, instalou mesas grandes para impedir que os clientes ficassem nos estabelecimentos a falar à vontade, desligou o aquecimento e fez com que as bebidas fossem servidas em cones de papel, impossíveis de apoiar.

Apesar do sucesso visível da cadeia de fast food, Kroc insistiu em comprar o restaurante original, ainda na posse dos irmãos McDonald, que se recusaram a concretizar o negócio. Mais tarde, este mesmo estabelecimento teve de mudar o seu nome para The Big M — “McDonald’s” era uma marca registada, propriedade de Ray Kroc. Insatisfeito, Kroc haveria ainda de abrir um estabelecimento do outro lado da rua, situação que acabou por levar o The Big M a fechar as portas.

Escreve a Rolling Stone que Kroc, que faleceu em 1984, era um génio quando a comercializar o talento dos outros. “É esse um dom menor? Não nos Estados Unidos. Não na altura e não agora, na era de Trump”. Também o The Guardian opta por relacionar a personagem de Keaton com Donald Trump.

O filme “O Fundador” é, na prática, um filme sobre o sonho americano e o capitalismo a ele associado.