O Departamento de Estado norte-americano considera que o tráfico de droga, armas e produtos pirateados, e a corrupção pública são as fontes primárias do financiamento ilícito no Brasil, um dos maiores consumidores de droga.

O tráfico de drogas, armas e produtos contrafeitos, e a corrupção pública, são as fontes principais de financiamento ilícito no Brasil, país onde os métodos de lavagem de dinheiro incluem o uso de bancos, investimentos imobiliários, o mercado de ativos financeiros, as remessas dos emigrantes, companhias e contas fantasma e jogo ilegal”, entre outros, refere-se no Relatório de Estratégia Internacional de Controlo de Narcóticos 2017.

O relatório, que traça o perfil de quase 90 países no que se refere aos circuitos de lavagem de dinheiro proveniente da droga, diz que as organizações de tráfico de droga “têm estado ligado a operadores de troca de dinheiro no mercado negro”, que muitas vezes lavam dinheiro recorrendo a grandes quantidades em notas.

As autoridades brasileiras têm apanhado na autoestrada, com sucesso, milhões em dinheiro e têm cumprido mandados de captura em todo o país, nomeadamente na fronteira com o Paraguai”, nota o Departamento de Estado norte-americano.

Em Cabo Verde faltam instrumentos contra o tráfico de droga

O arquipélago de Cabo Verde tem feito progressos no combate ao tráfico de droga, mas o consumo está a aumentar e ao país falta capacidade humana, técnica e recursos logísticos.

Apesar da existência de lacunas, o Governo de Cabo Verde tem revisto leis, políticas e regulamentos para limitar as atividades financeiras ilícitas”, escreve o Departamento de Estado norte-americano.

No documento, os peritos dão conta de que “dada a sua grande economia informal, o arquipélago é vulnerável a operações de lavagem de dinheiro” e é um “importante ponto de trânsito na rota dos narcóticos da América do Sul com destino à Europa”.

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Ainda que a corrupção pública seja “limitada e não pareça contribuir para a lavagem de dinheiro”, o arquipélago beneficia do apoio dos doadores internacionais, mas “não tem os recursos logísticos, técnicos e humanos para conseguir responder de forma eficaz e efetiva aos regulamentos contra a lavagem de dinheiro”.

Autoridades da Guiné-Bissau pactuam com o crime

O Departamento de Estado norte-americano considera ainda que as autoridades do Governo da Guiné-Bissau “continuam a estar envolvidas” no tráfico de droga e que o país fez pouco para mitigar a fama de “narcoestado”.

Com cinco governos diferentes na Guiné-Bissau nos últimos 15 meses, o país fez poucos progressos para mitigar as condições que levaram a que fosse classificado como um ‘narcoestado’ ”, lê-se no relatório.

Lembrando a indicação de dois dirigentes militares da Guiné-Bissau como “barões da droga”, José Americo Bubo Na Tchuto e Ibraima Papa Camara, chegando a prender o primeiro, os EUA dizem que a receção de Na Tchuto na Guiné-Bissau como “herói da revolução” e a manutenção de Camara como chefe de Estado-Maior da Força Aérea “indicam que as autoridades do Governo da Guiné-Bissau continuam a estar envolvidas no tráfico de droga e mostrar a extensão da cumplicidade com o tráfico aos mais altos níveis”.

Para além da instabilidade política, o Departamento de Estado salienta também que “a suspensão da do apoio orçamental direto pelas instituições multilaterais reduziu as receitas do governo em quase metade, o que levou a cortes adicionais no sistema judicial e na aplicação da lei, que já de se estavam debilitados”.