É no Japão que se concentra o recorde mundial de centenários: mais de 65 mil em 2016. Para além disso, 20 em cada 100 leva uma vida independente. Para comemorar o feito, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar do Japão oferece, todos os anos em setembro, um copo de saque feito em prata a todos aqueles que fazem 100 anos de idade. Mas, afinal, qual é o seu segredo?

Durante anos, relata o El Mundo, a jornalista Junko Takahashi entrevistou muitos destes centenários. O seu objetivo era tentar encontrar a ‘fórmula mágica’ para se conseguir não apenas chegar aos 100 anos mas também chegar aos 100 viver bem.

“A primeira coisa que descobri foi que todos [os centenários] eram muito distintos entre si. Não podia encontrar parâmetros comuns entre eles”, explicou a jornalista. “Poderia dizer que a chave de ouro [para a longevidade] é comer poucas quantidades de comida; nunca encher demasiado o estômago e mastigar muito bem. Não importa assim tanto ‘o quê’, mas sim o ‘quanto’; mas tem que se ter um motor para a vida: para uns é o trabalho, para outros a afeição para com os outros ou para com a família e, por último, fazer atividades físicas”.

Mas com ‘atividades físicas’ não se quer dizer, obrigatoriamente, ginásio. Segundo a jornalista, “basta realizar alguns exercícios ou realizar certas tarefas domésticas”. Takahashi publicou já um livro com o título ‘O método japonês para se viver 100 anos’.

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Mas si, a alimentação é fundamental. Ser moderado na comida aumenta a esperança de vida, já dizia Jiroemon Kinura, que morreu em 2013 com 116 anos de idade. Segundo o Guiness, era o homem mais velho do mundo na altura.

“A nossa dieta [japonesa] tem fama de ser sempre muito saudável, mas também tem o seu aspeto negativo, como o alto teor de sal e baixo consumo de lípidos [gorduras]”, conta a jornalista. “A carne deixou de ser mal vista [pelos japoneses] e começamos a consumi-la com normalidade… E a longevidade, com isso, começou também a aumentar”

Por norma, a cozinha tradicional japonesa tem como base vegetais, cogumelos, algas e peixe. Com o consumo de carne, começou a haver um equilíbrio nutritivo e, consequentemente, a esperança média de vida começou também a aumentar. Ainda assim, o seu consumo está num nível bastante a baixo do dos ocidentais.

Para além da alimentação, Takahashi fala também da importância da filosofia positiva e do exercício que cada um pratica. Ter uma mente aberta influência na saúde, fica-se sujeito a menos stress e a uma maior capacidade de confrontar as adversidades.

Por entre os vários nomes dos centenários japoneses estão Hidekichi Miyazaki de 106 anos — um dos seus segredos é mastigar 30 vezes cada pedaço de comida –, Mieko Nagaoka que tem 102 anos e continua a viver sozinha e a cozinhar para si mesma, e Shigeaki Hinihara que com 104 anos ainda exerce medicina.

Para todos os entrevistados, fazer exercício físico é também muito importante. Para alguns, até, o simples facto de fazer a cama ou limpar o chão ajuda na sua saúde tanto física como mental.