“Mentiroso compulsivo”. Os cabelos brancos podem enganar, mas não foi claramente com uma postura conservadora que Bernie Sanders se tornou o independente com o maior mandato na história do Congresso americano. Quando é para ser, é a sério. Depois dos tweets, a entrevista. Foi assim que o senador por Vermont disputou quase até ao fim a corrida pelas primárias presidenciais com Hillary Clinton (e também aqui houve uma história de emails pelo meio, mas adiante). E é assim que faz agora a análise ao reinado de Donald Trump como presidente. “E não é por acidente”, acrescenta.

Em entrevista ao The Guardian, o antigo candidato pelo Partido Democrata arrasou o sucessor de Barack Obama. “Trump mente a toda a hora e penso que não é por acidente, existe uma razão para isso – ele mente para minar as fundações da democracia americana”, defendeu, numa espécie de análise aos primeiros 50 dias do magnata no cargo marcados pelo fim do Obamacare, pelos ataques aos países muçulmanos ou pelas políticas anti-imigração.

Na conversa em Washington, Sanders mostrou-se preocupado com o “programa económico reacionário”, com vários cortes em programas com impacto na classe média”. O objetivo das mentiras é único – “passar a mensagem que a única pessoa nos EUA que defende o povo americano, a única pessoa nos EUA que está a dizer a verdade e a única pessoa que sabe é o presidente dos EUA, Donald Trump”.

O senador foi mais longe e colocou o enfoque em George W. Bush para estabelecer um paralelismo. “George Bush era um presidente muito conservador, todos os dias me opunha a ele. Mas nunca operou fora dos valores políticos americanos”. “Estão a ver um movimento progressivo em grande atividade. O Our Revolution – um grupo que saiu da minha campanha –, outros grupos, a espontânea Women’s March, são indicadores da luta do povo americano pela democracia”, acrescentou.

Por fim, Sanders não deixou também de dar um toque à Rússia. “Desempenhou um papel muito grande na tentativa, com sucesso, na minha opinião, de ter impacto nas nossas eleições. Isso é inaceitável. Precisamos saber que tipo de influência tem a oligarquia russa sobre Trump. Está em desacordo com aliados de muito tempo como a Austrália ou o México mas só tem coisas positivas a dizer de Putin, que é um líder autoritário”, salientou.

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