As lojas de recordações e artigos religiosos em redor do Santuário de Fátima têm poucas imagens e representações do papa Francisco, situação que se deve alterar com a aproximação da visita papal, em maio, dizem os comerciantes.

Ainda com pouca afluência de turistas, que aumenta nos meses de primavera e verão, em especial aos fins de semana, férias e nas datas das peregrinações, as lojas de maiores dimensões do centro urbano de Fátima apresentam-se, por estes dias, a dois meses da visita do papa Francisco, praticamente vazias de clientes.

Já as mais pequenas, pouco mais de uma centena localizada nas duas pracetas (Santo António e São José) das laterais do Santuário, vão recebendo algumas pessoas que procuram, principalmente, pequenas recordações para levar a amigos ou familiares.

Nas bancas há um pouco de tudo, mas as imagens do papa são escassas, limitando-se a pequenos artigos, como cartões com medalhas, ímanes idênticos aos que se colocam na porta do frigorífico, uma ou outra estatueta e até um busto, em dois tamanhos de poucos centímetros e a inscrição ‘Francisco’ na base.

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“Ainda vamos receber outras coisas, os vendedores já começam a aparecer e vão continuar até mais perto da visita do papa [a 12 e 13 de maio]”, disse à agência Lusa Lídia Pereira, comerciante em Fátima há 32 anos.

Para além do papa Francisco, “que tem um carisma igual a João Paulo II e é tão comunicativo quanto ele”, os clientes procuram, ainda, recordações do antigo papa polaco, que morreu em 2005 e foi canonizado em 2014 e outras relacionadas com a senhora de Fátima e o Centenário das Aparições.

Já Ilda Oliveira, também comerciante há cerca de três décadas, encontra outra explicação para ausência de Francisco das lojas de recordações: “Este papa não gosta muito de aparecer e ser vendido e estão a respeitar a vontade dele”, sustenta, coincidindo, no entanto, na argumentação de que mais perto da visita papal a oferta e a procura irão aumentar.

“Também aconteceu assim com o João Paulo II, que continua a vender muito bem, veio cá [a Fátima] três vezes”, em 1982, 1991 e 2000, lembrou Ilda Oliveira.

Esta e outras comerciantes coincidem ainda no valor das recordações que os turistas procuram – “o mais barato possível, pequenas coisas e simples” – sejam clientes nacionais “fieis a Nossa Senhora”, sejam estrangeiros, habitualmente oriundos de Espanha, Itália e França, embora nos últimos anos, Fátima venha a cativar uma presença cada vez maior de brasileiros, argentinos, “muitos polacos” e de outros países do leste europeu.

“Mesmo coreanos, aparecem todas as semanas e alguns nem católicos são”, assinala Ilda Oliveira.

Numa loja ao lado, Adriana confirma que as imagens do papa Francisco ainda se veem pouco e “só começam a aparecer agora” e que os clientes continuam a procurar recordações de João Paulo II mas também o terço comemorativo do Centenário das Aparições, vendido a 12 euros (com um euro a reverter para uma obra de apoio social a crianças) e lançado pela associação empresarial local.

Já outro terço, este indiferenciado e de baixo preço, presente em algumas bancas, destaca-se por mostrar, num autocolante aposto na caixinha redonda, Francisco lado a lado com João Paulo II.

A cerca de dois meses da visita papal, também a loja oficial do santuário de Fátima ainda não possui a imagem gráfica e identidade visual da visita do papa Francisco, apresentada publicamente a 10 de fevereiro e que vai estar disponível em vários suportes e no cartaz oficial do evento.