Depois de cerca de um ano de falsas partidas, a presidente da junta da Andaluzia, Susana Díaz, vai candidatar-se à liderança do PSOE. O anúncio está marcado para 26 de março, como apurou o El País, numa cerimónia que terá lugar em Madrid. Nessa ocasião, vai apresentar o programa que levará a votos entre militantes socialistas no congresso do PSOE.

Há um mês, a 11 de fevereiro, já tinha dado sinais de querer avançar, num discurso perante 2.500 apoiantes do PSOE. “Dou-vos a minha palavra, todos e todas vamos juntar forças para ganhar as eleições locais e a seguir as gerais [legislativas] em Espanha e vamos fazê-lo muito em breve”, disse. Falando na necessidade de o “PSOE ganhador”, acrescentou: “Se agora vos digo que estou motivada, que tenho força, que tenho esperança e que gosto de ganhar, isso é evidente”.

Os socialistas espanhóis vão a eleições primárias em maio — o dia específico será anunciado apenas em abril — e têm congresso marcado para 17 e 18 de junho.

A confirmar-se o anúncio previsto para 26 de março, Susana Díaz colocará um ponto final na especulação em torno da sua possível candidatura ao PSOE, que já depois das eleições legislativas de dezembro de 2015, em que os socialistas tiveram então o seu pior resultado até à altura, sob a liderança de Pedro Sánchez. Essa possibilidade ganhou ainda mais força depois das eleições legislativas de junho de 2016, onde o PSOE tornou a ter os piores números da sua história, com apenas 85 deputados em 350.

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Sob a liderança de Pedro Sánchez, o PSOE teve os piores resultados eleitorais da sua história (J.P.GANDUL/EPA)

Num processo turbulento, em que a liderança de Pedro Sánchez foi colocada em causa por vários líderes regionais, os chamados barões do partido, Susana Díaz foi sempre o nome preferido dos insurretos. Sob pressão, Pedro Sánchez pediu a demissão do cargo de secretário-geral do PSOE e também de deputado em outubro do ano passado. Na altura, Pedro Sánchez recusava viabilizar um Governo liderado por Mariano Rajoy, do Partido Popular. Em contraste, Susana Díaz e outros socialistas próximos da política andaluza defendiam uma abstenção dos socialistas — que aconteceu, já com Javier Fernández como líder interino do PSOE.

Já em janeiro deste ano, Pedro Sánchez anunciou que ia candidatar-se novamente à liderança do PSOE. O anúncio foi feito em Sevilha, que, além de ser um bastião socialista, é também a capital da região da Andaluzia, onde Susana Díaz é presidente. Desde então, tem estado em campanha por todo o país. Este domingo, num novo comício na Andaluzia, em Cádis, tornou a tocar na sua decisão de não viabilizar um Governo de Mariano Rajoy e do processo que resultou na sua demissão. “Quero que estas primárias sirvam para que mais nenhum secretário-geral tenha de pagar o preço que eu tive de pagar para cumprir a palavra dada aos eleitores e aos militantes”, disse.

Pedro Sánchez dirigiu-se ainda aos seus rivais, a quem pediu lealdade. “Se eu obtiver o apoio da maioria, vou exigir a mesma lealdade ao resto dos companheiros como aquela que lhes darei se não ganhar”, garantiu. “Porque, por experiência, sei o que significa debilitar o secretário-geral do partido, que é ir contra a organização e dar armas à direita política e mediática.”