O ex-primeiro-ministro José Sócrates, arguido no processo “Operação Marquês”, é interrogado esta segunda-feira, pela terceira vez, pelo Ministério Público (MP), a escassos quatro dias do prazo anunciado para a conclusão do inquérito. O interrogatório a Sócrates – indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais – deverá incidir sobre os últimos elementos dos autos relacionados com os negócios da Portugal Telecom (PT) e com a transferência de vários milhões de euros do Grupo Espírito Santo (GES) para o empresário Carlos Santos Silva, apontado como o testa de ferro do antigo líder socialista.

“Sem factos ou provas que sustentassem as imputações que lhe serviram para prender José Sócrates (…), o Ministério Público ensaia agora nova fuga para a frente e tenta envolver José Sócrates nos processos da PT e do BES”, consideraram em comunicado, na sexta-feira, os advogados do ex-primeiro-ministro.

Para concretizar a diligência, o MP notificou a defesa para comparecer esta segunda-feira no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Lisboa, solicitando à defesa que notificasse Sócrates para o interrogatório complementar.

Contactado no domingo, João Araújo garantiu à Lusa que Sócrates vai efetivamente comparecer ao interrogatório, depois de terem surgido dúvidas sobre a forma escolhida para notificar o ex-primeiro-ministro.

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A inquirição de Sócrates surge após o empresário Carlos Santos Silva ter sido novamente interrogado, na passada sexta-feira, com a Procuradoria-Geral da República a divulgar que “estão, ainda, previstos interrogatórios de outros arguidos no decurso” da semana que hoje se inicia.

Com esta maratona de interrogatórios na “Operação Marquês” na reta final do prazo para a conclusão do inquérito, têm crescido as dúvidas sobre se o MP terá a investigação completamente pronta até dia 17.

A “Operação Marquês”, conta até ao momento, com 25 arguidos – 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.

Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.