A Câmara Municipal de Lisboa prepara-se para avançar já a 23 de março com um calendário para alargar a circulação de motas em corredores de BUS em toda a cidade. O Automóvel Clube Portugal (ACP) está contra a aprovação imediata desta medida. O presidente do ACP defende, em declarações ao Observador, que esta medida deve “ser mais testada antes de ser aplicada”, já que pode provocar “acidentes” e ainda mais “atrasos nos transportes públicos que já têm um tempo de espera médio ridículo”.

Nos últimos doze meses tem decorrido o período experimental nas três zonas piloto da Avenida Calouste Gulbenkian, da Avenida de Berna, entre a Praça de Espanha e o Largo Azeredo Perdigão e na Rua Braamcamp, entre a Rua Rodrigo da Fonseca e a Rua Duque de Palmela. Para Carlos Barbosa, esta experiência-piloto não deu “para ver rigorosamente nada” já que são ruas em que “não há muito trânsito”.

O presidente do ACP defende assim que deve haver “uma experiência real” em zonas da cidade mais movimentadas, até porque “a partir do momento em que os motociclistas tiverem autorização para circular nos corredores de BUS, vão passar a circular só nos corredores de BUS“. Adverte ainda que a experiência pode ter corrido bem no Porto, mas não é comparável, pois “Lisboa tem muito mais trânsito.”

Se o ACP está contra a pressa em aprovar a medida, esta foi acelerada, precisamente, por pressão do CDS — o autor da proposta na capital — junto do executivo municipal. O vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, preparou uma moção onde exigia a Fernando Medina que alargasse imediatamente a toda a cidade a circulação a motociclos e ciclomotores nas vias reservadas a transportes, pois o período experimental tinha sido um sucesso e não havia motivo para mais adiamentos. Após um acordo em sessão de câmara, a moção foi retirada, já que Fernando Medina comprometeu-se a alargar a medida a toda a cidade, apresentando um calendário já na próxima sessão de câmara, a 23 de março.

O vereador do CDS na CML, João Gonçalves Pereira, acredita que “a moção teve o seu efeito” de acelerar o processo, já que a situação se a arrastava. Quanto à proposta do ACP, o CDS “não tem nenhuma reserva” a que a circulação de motos na faixa do BUS seja aplicada de “forma faseada”, desde que esta seja permitida logo na primeira fase no eixo principal da cidade: Campo Grande/Saldanha, Saldanha/Marquês de Pombal e Marquês de Pombal/Terreiro do Paço.

No entanto, em coerência com a pressão que exerceu sobre Medina, João Gonçalves Pereira explica que “se a Câmara Municipal de Lisboa entender avançar já com a medida em toda a cidade”, o CDS acompanhará essa posição.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR